quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Chris Wright (9 por dia – tornando-se como Jesus)

INTRODUÇÃO

9 por dia:  paciência, paz, alegria, amor, domínio próprio, temperança, fidelidade, bondade, benignidade.


Bem vindo ao “9 por dia – tornando-se como Jesus”. Esta é uma série trazida a você pela Langham Partnership. Meu nome é Chris Wright e eu sou o diretor internacional da Langham Partnership. O fundador da Langham foi John Stott. E você pode não saber, mas ele tinha o hábito de orar toda manhã uma oração na qual ele falava com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. E eis aqui o que ele orava:
“Pai celestial, oro para que neste dia eu viva em tua presença e lhe agrade cada vez mais. Senhor Jesus, oro para que neste dia eu tome minha cruz e lhe siga. Espírito Santo, oro para que neste dia tu me enchas de ti mesmo, e faça com que teu fruto amadureça em minha vida: Amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, longanimidade e domínio próprio.”
Então, todos os dias, John Stott orava para que Deus o enchesse com o fruto do Espírito. Então talvez não seja surpreendente que tantas pessoas tenham dito que John Stott estava entre as pessoas mais semelhantes a Cristo que elas já conheceram.
Semelhança a Cristo. Este é o tema que analisaremos ao longo desta série. No fim de sua vida, em julho de 2007, John fez sua última palestra pública na Convenção Keswick. E ele aproveitou a oportunidade para dizer que aquilo que Deus mais quer para todos seus filhos é que nós sejamos mais semelhantes a Cristo, que nos tornemos mais como Jesus.
Então a pergunta é: como a semelhança a Cristo acontece? Uma das chaves, que John Stott nos deixa como pista, é quando cultivamos o fruto do Espírito – aquelas qualidades ou características mentais que o apóstolo Paulo menciona. Onde Paulo fala sobre elas? Em Gálatas 5:22-23.
E ao começarmos, é importante definir um pano de fundo ao que Paulo diz. Paulo ensina a esses neófitos que eles não devem ficar sujeitos à escravidão à lei do Antigo Testamento. Pelo contrário, o que conta é a fé expressando-se através do amor. Mas por outro lado, ele diz, que eles não devem se sujeitar à escravidão de seus próprios desejos e paixões pecaminosos. Pelo contrário, eles devem servir uns aos outros em amor. Então para Paulo, o amor é um elemento chave da vida cristã. Então Paulo faz um enorme contraste entre o que ele chama de obras da carne, que ele descreve nos versos 19 a 21, uma lista sombria que contém avareza, desonestidade, imoralidade sexual, etc. E do outro lado, ele fala do fruto do Espírito nos versos 22 e 23
 Mas é muito importante ver que, quando Paulo fala sobre o fruto do Espírito, não é todo um novo conjunto de regras e normas. São frutos! E frutos levam tempo para crescer numa árvore. E semelhantemente o fruto do Espírito leva tempo para crescer no caráter de um cristão. Então Paulo não está falando de desempenho, de alguma solução rápida para o sucesso na vida cristã. Ele está falando de caráter cristão. E se você quer que o fruto cresça, o que você faz? Você não enverniza os galhos, não força a árvore, não tinge o fruto. Se você quer frutos, você presta atenção às raízes da árvore, ao solo. Você cultiva o solo, se certifica de que ele está bem regado e fertilizado. E da mesma maneira na vida cristã, se você quer que o fruto do Espírito cresça, você tem que cultivar o solo da Palavra de Deus e permitir que ela cresça profundamente em nossas vidas prestando atenção à Bíblia, reunindo-se com outros cristãos onde a Bíblia é pregada, ensinada e estudada em grupo.
E isso é o que faremos nesta série. É isso que a Langham Partnership busca fazer ao redor do mundo, para que juntos possamos nos tornar mais semelhantes a Cristo dando o fruto do Espírito Santo, para que nosso testemunho do Senhor Jesus Cristo seja mais autêntico e mais verossímil.
AMOR
 Amor! O amor vem no início da lista dos frutos do Espírito de Paulo. E talvez isso não seja surpreendente, pois ele já disse no contexto que o que de fato importa é a fé expressando-se através do amor, ele disse que cristãos devem servir uns aos outros em amor, e ele também disse que toda a Lei do Antigo Testamento é resumida no mandamento de amar seu próximo como a si mesmo.
É claro, quando Paulo disse isso, ele estava citando Jesus. Você lembra que quando Jesus foi questionado qual era o maior mandamento da Lei, ele disse que o primeiro é: “Amarás a teu Deus de todo o teu coração, tua alma, e tua força” e o segundo é: “Amarás a teu próximo como a ti mesmo”.
Então, quase certamente, Paulo fala aqui desse segundo elemento como um fruto do Espírito. Em outras palavras, não tanto nosso amor por Deus, o que, é claro, é importante, mas nosso amor uns pelos outros, como crentes cristãos, através de todas as barreiras e diferenças que nos dividem, pois Deus nos trouxe a uma família. E o amor é algo para ser exercitado dentro das famílias, é isso que famílias fazem entre seus membros. no lar, na cozinha, em todas as áreas de nossa vida. É algo prático. É onde não apenas somos gentis uns com os outros, mas cuidamos uns dos outros, apoiamos, encorajamos, ajudamos e sustentamos as necessidades uns dos outros. Em outras palavras, Paulo está falando de amor em ação.
Estamos pensando principalmente Paulo, mas é claro que o apóstolo João tem mais a dizer do que qualquer apóstolo sobre o amor. Três vezes no evangelho de João, ele registra Jesus nos dando essa ordenança de amarmos uns aos outros. E cinco vezes na carta de João, ele repete isso, e diz que esse é o mandamento do Senhor, que amemos uns aos outros. Então acho que se qualquer coisa possa ser chamada de central, de primária, de cerne do que significa ser cristão, viver como cristão e ser como Jesus, certamente deve ser isso.
Vamos olhar para alguns versículos na primeira carta de João para ver por que é tão importante que esse fruto do Espírito, o amor, seja exercitado em nossas vidas. Basicamente, é importante porque é uma evidência. Evidência de três coisas muito importantes. Em primeiro lugar, é evidência de que temos vida. Eis o que João diz em 1 João 3:14: “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos uns aos outros.” João estava muito preocupado em sua carta que seus leitores tivessem a certeza da vida eterna. Que eles pudessem saber, e deveriam saber que tinham a vida eterna. Mas como eles poderiam saber? Como você pode saber que você tem a vida de Deus dentro de você? João diz que é dando evidência de que o amor de Deus está dentro de você. Então esta é a primeira coisa. Amor é evidência de vida.
Em segundo lugar, amar uns aos outros na família cristã é evidência da fé. Ouça o que João diz em 1 João 3:23: “O seu mandamento é este: que creiamos em o nome de seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que nos ordenou.” É interessante como João diz: “Este é o mandamento de Deus”, singular. E na verdade, ele nos dá duas coisas: confiar em Jesus, todo o Novo Testamento diz que isso é essencial, mas João diz para ter fé em Jesus e amar uns aos outros. Então as pessoas podem afirmar ter fé, mas a menos que essa fé seja provada pela evidência de amar uns aos outros, então é uma afirmação muito vazia.
Então amar uns aos outros é evidência de vida, é evidência da fé, e em terceiro lugar, amar uns aos outros na família cristã é, na verdade, evidência de Deus! Ouça o que João diz em 1 João 4:12: “Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado.” É interessante, João usou essa expressão antes: “ninguém jamais viu a Deus”. Ela aparece no Evangelho de João, capítulo 1, versículo 18, onde João está dizendo que Deus é invisível, mas o Unigênito de Deus, o Senhor Jesus Cristo, a Palavra que encarnou, tornou visível o Deus invisível. E Jesus disse a Filipe: Quem vê a mim, vê ao Pai. Então quando cristãos amam uns aos outros de maneiras práticas, então o amor de Deus, ou o Deus que é amor, pode ser visto. O mundo deveria ser capaz de olhar para o povo cristão e ver como eles vivem juntos e amam uns aos outros, e ver um pouco da realidade do Deus vivo.
Não sei se você lembra, há alguns anos atrás, a Sociedade Humanista Britânica, uma sociedade secular de pessoas como Richard Dawkins e a comunidade ateísta, pagou por um anúncio nos grandes ônibus vermelhos de Londres. Ele dizia: “Provavelmente não existe um Deus, então pare de se preocupar e desfrute a vida.” Se alguém lê isso na lateral de um ônibus de Londres essa pessoa deveria dizer a si mesma: “Isso não pode ser verdade, pois eu conheço Sara, João, Filipe, e eles são cristãos; e Deus é obviamente real em suas vidas. Olhe só a maneira que eles vivem, olhe como eles amam uns aos outros!” Nós devemos ser a prova viva do Deus vivo.
Tudo isso veio da primeira carta de João, mas talvez devêssemos voltar finalmente ao próprio Jesus. Você se lembra de que no Evangelho de João, Jesus disse: “Amai-vos uns aos outros. Assim como eu vos amei, deveis amar uns aos outros, e assim todos saberão que sois meus discípulos, se amardes uns aos outros.” Então, quando cristãos amam uns aos outros, isso também demonstra a quem eles pertencem. Demonstra que eles são discípulos e seguidores de Jesus.
É por isso que isso é tão importante. Que tipo de fruto vital este amor é! Ele é certamente o primeiro e mais importante. Quando cristãos amam uns aos outros, em primeiro lugar, prova que eles têm a vida eterna. Em segundo lugar, prova que eles têm a fé salvadora. Em terceiro lugar, prova a realidade de Deus. E quarto, prova que eles são verdadeiros seguidores de Jesus.
ALEGRIA
Os itens seguintes da lista de Paulo do fruto do Espírito são “alegria” e “paz”. De fato, são como gêmeos. São frequentemente encontrados juntos. Por exemplo, em Romanos 15:13, Paulo diz: “O Deus da esperança vos encha de todo a alegria e paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo.”
De fato, Paulo usa a palavra “alegria” 21 vezes e a palavra “paz” 43 em suas cartas. Então enquanto pensava sobre a alegria, eu me perguntei a mim mesmo: “O que no dia-a-dia me dá alegria? O que faz seu rosto radiar, seus olhos brilharem e lhe dá prazer?” E três coisas imediatamente me vieram à mente.
Primeiramente, a alegria que vem da família e de estar com amigos, pessoas que você ama e gosta de estar junto. Ou quando seus netos vêm lhe visitar. Alegria vem de relacionamentos, ou como pode-se dizer: Alegria é relacional.
Em segundo lugar, há alegria quando eu recebo notícias realmente boas. Há um bom tempo atrás, boas notas na escola, ou talvez a boa notícia que vem em tempos de ansiedade, quando está preocupado com algum ente querido no hospital para uma cirurgia, e então você ouve que foi bem sucedida. Ou a boa notícia de que sua filha está grávida, ou mais tarde quando ela tem um bebê saudável. Então alegria é celebrativa. Quando você recebe boas notícias, você celebra.
E então, terceiro, há simplesmente a alegria da criação. Eu amo sair e estar vivo no mundo de Deus. Sinto alegria em ser capaz de correr, me divertir e exercitar, caminhar, nadar, e tudo isso é cheio de gratidão a Deus. É o mundo de Deus, a criação, e eu o amo e tenho prazer nele. Durante as Olimpíadas de 2012 em Londres, minha esposa Liz e eu passamos o dia assistindo o remo, que foi meu antigo esporte na faculdade. E simplesmente sentimos alegria em estar lá assistindo aqueles atletas enfrentando os desafios do mundo físico.
Então alegria é relacional, celebrativa e criacional. E eu pensei: “Bom, essas coisas também são verdadeiras quando pensamos na alegria como o fruto do Espírito, a alegria da vida e do coração em um cristão.”
Portanto, em primeiro lugar, a alegria é relacional. Por que o apóstolo Paulo diz aos cristãos de Roma, que eram a maior parte gentios, não crentes judeus, para se alegrarem, como no capítulo 15, versículo 10: “Alegrai-vos, ó gentios, com o seu povo”? É porque eles agora foram incluídos em uma família totalmente nova, em um conjunto totalmente novo de relacionamentos. Eram excluídos do povo de Deus, e agora foram trazidos para ser parte da família de Deus, como Paulo diz.
Segundo, a alegria é celebrativa. O evangelho é boas novas. De fato, as melhores boas novas que o mundo já ouviu. Portanto, não pode haver alegria maior do que vir a conhecer e crer no evangelho, e conhecer o Senhor Jesus Cristo e todas as bênçãos que ele traz. É incrível que algumas das vezes nas quais Paulo falou com mais entusiasmo sobre alegria ou disse aos cristãos que se alegrassem, foi quando ele mesmo estava em uma prisão romana e sofrendo todo tipo de dificuldades. E ainda assim, Paulo conhecia o Senhor Jesus Cristo, conhecia a verdade do evangelho e foi isso que lhe trouxe alegria, e o capacitou a compartilhar alegria com outros. O evangelho promete grandes realidades. Promete perdão de pecados, vida eterna, e um futuro de esperança no Reino de Deus. E estas são coisas que nunca podem ser tomadas, pois estão arraigadas em quem Deus é e o que Deus fez.
Temos de ser cuidadosos para distinguir um cristão que está sofrendo as dores comuns da vida e lutando para se alegrar por causa delas, e por outro lado, um cristão que está sofrendo de uma real doença de depressão clínica. Onde há causas físicas e psicológicas que precisam de cuidado profissional médico, assim como qualquer outra doença. Então dizer a um cristão que está, na verdade, sofrendo de depressão clínica para sair dessa e se alegrar no Senhor, pode simplesmente aumentar seu sofrimento, pode ser muito cruel, pois isso é exatamente o que eles anseiam fazer, mas não podem! E perda da alegria da vida é um dos terríveis sintomas da depressão como doença. E ainda assim é testemunho de alguns cristãos que conheci que sofrem de depressão que há uma garantia fundamental das verdades do evangelho, do amor e da graça de Deus, que são dignos de confiança, e estas são coisas que dão alegria objetiva, mesmo quando há muito pouca felicidade subjetiva.
Terceiro, alegria é criacional. Sim, nós podemos e devemos nos alegrarmos na criação de Deus. Os israelitas no Antigo Testamentos eram, na verdade, ordenados a fazer isso. Três vezes por ano eles tinham um feriado que durava uma semana na festa das colheitas e Deus disse que eles deveriam se alegrar, por causa da bondade e da provisão de Deus na criação. Mas a Bíblia não fala apenas de seres humanos se alegrando na criação, mas a própria criação se alegrando e louvando a Deus. Eu não entendo como isso acontece, ou como Deus recebe a alegria e o louvor da criação, mas a Bíblia certamente diz que ele o faz.
Um último pensamento antes de terminarmos. Há uma grande ocasião no Antigo Testamento quando Esdras leu o Livro da Lei de Moisés, ou seja, de Gênesis a Deuteronômio, para todo o povo de Israel por toda uma semana, enquanto os líderes do povo explicavam a eles. Está lá. A história pode ser lida em Neemias 8. E este capítulo nos diz que, em duas ocasiões, o povo teve grande alegria. Primeiro nos diz no versículo 12 que eles se alegraram por terem entendido a palavra que estava sendo lida e explicada a eles. E então no versículo 18, nos diz que se alegraram com grande alegria, de fato, que eles celebraram como nunca em mil anos. Por quê? Porque eles tinham lido na palavra de Deus algo que eles saíram e praticaram. Portanto, estavam obedecendo-a. Então tiveram alegria quando entenderam a Bíblia e quando obedeceram a Bíblia. E é por isso que colocamos tanta ênfase quando pensamos no fruto do Espírito e tornarmo-nos como Jesus, que precisamos voltar às Escrituras e aprofundar nossas raízes no solo da Palavra de Deus, em entendê-la e obedecê-la, porque é daí que vem a alegria.

PAZ
A terceira coisa que Paulo menciona como fruto do Espírito é paz. E paz é uma daquelas coisas que às vezes achamos difícil encontrar em nosso mundo tão ocupado, especialmente aqueles que vivem em cidades. Certamente não há muita paz por aqui. E para alguns de nós nosso local de trabalho não contém nenhum tipo de paz; há simplesmente ocupação e estresse. E ainda assim, paz é uma daquelas palavras bastante usadas na Bíblia. A palavra “shalom” no Antigo Testamento e a palavra “eirene” no Novo Testamento ocorrem muitíssimas vezes.
O que queremos descobrir aqui é o que Paulo tinha em mente quando falou da paz como fruto do Espírito em nossas vidas. Ele provavelmente não estava falando aqui, como fala em outra situação, sobre uma paz que Deus criou. Ou seja, a obra expiadora de Deus através da cruz de Cristo na qual ele reconcilia o mundo consigo mesmo e reconcilia os inimigos uns com os outros. Esta, é claro, foi a maior conquista da cruz onde, como Paulo diz em Efésios 2, Cristo fez paz através do sangue de sua cruz. Mas, como eu disse, esta é a obra de Deus. Sua obra objetiva, histórica e expiatória e não é do que Paulo está dizendo quando fala do fruto do Espírito.
Então, em segundo lugar, podemos querer pensar não apenas na paz que Deus criou, mas na paz que Deus dá. Por Jesus ter morrido por nossos pecado, quando colocamos nossa fé nele somos reconciliados com Deus e temos paz com Deus. A paz no coração e na consciência. Esta também é um presente muito precioso e penso que está relacionada com o que Paulo quer dizer no fruto do Espírito. Paz com Deus. Mas a paz que Deus dá não é apenas paz com Deus, mas também a paz de Deus. Isto é: liberdade da ansiedade e do pânico no meio dos estresses, ocupações e preocupações da vida. E isso é algo que Paulo descreve muito bem em Filipenses 4:6-7, uma passagem familiar: “Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.”
Mas há um terceiro tipo de paz. Não apenas a paz que Deus criou ou a paz que Deus dá, mas também a paz que Deus chama. E esta é, de longe, a mais comum forma de usar a palavra “paz” pelo apóstolo Paulo, e certamente a que mais se encaixa aqui quando ele fala do fruto do Espírito. Significa viver em paz com outros. Buscar paz entre cristãos e, de fato, serem pacificadores no resto do mundo. Esta é certamente a forma mais usada da palavra por Paulo.
Agora um texto chave neste assunto da paz seria Romanos 14 e 15. Paulo estava escrevendo à grande cidade cosmopolita de Roma, e muitos dos cristãos lá vinham de um contexto gentio pagão e alguns outros vinham de um contexto judeu. Eles tinham preocupações, escrúpulos, questões de consciência. Havia enormes diferenças entre os cristãos gentios e os cristãos judeus. Diferenças de cultura, de escrúpulos, de se é lícito comer carne, observar o sábado, etc. Estas não eram questões menores. Eram, na verdade, a causa de grandes desentendimentos. Mas Paulo gasta os dois capítulos de Romanos 14 e 15 exortando ambos os lados, como ele disse, aceitando uns aos outros, evitando disputas em certas questões. Veja o que ele diz em 14:19: “Seguimos as coisas da paz e também as da edificação de uns para com os outros.” Eles deveriam evitar o desprezo e a condenação um do outro e deveriam fazer uns pelos outros o que Cristo havia feito por eles, isto é, aceitar-nos como somos.
O que significa, então, deixar em paz, deixar este fruto específico crescer em nossas vidas? Bem, podemos pensar em todo tipo de coisa. Certamente significaria que buscamos abordar e resolver conflitos entre nós mesmos, ao invés de alimentá-los ou causá-los em primeiro lugar. Viver em paz deveria significar que somos cuidadosos para evitar palavras, atitudes e expressões que tão facilmente criam mal-entendidos e divisões. Viver em paz deveria significar que somos rápidos em nos desculparmos e dizer: “Me perdoe!” Mesmo se não formos nós os ofensores. “Perdão” talvez possa ser a palavra mais difícil de dizer, mas frequentemente é a primeira que traz de volta a paz. Buscar a paz significa que você não salta para defender-se quando coisas são ditas ou feitas mas permitem que Deus vindique a verdade em seu próprio tempo. Paulo diz aos coríntios que era melhor sofrer o dano do que levar um cristão ao tribunal.
Viver em paz precisa certamente que sigamos as instruções de Jesus que quando há agravos e disputas entre irmãs e irmãos em Cristo, que sigamos a maneira que Jesus nos deu para resolver, e não levar imediatamente a público ou escrever ou falar para outros a respeito. E acima de tudo, significa evitar todo tipo de fofoca a respeito de outros cristãos ou para com outros cristãos e manter a rigorosa disciplina de saber como guardar segredo.
Mas aqui estamos nós. Nós vivemos no chamado “mundo real”, o mundo secular, o mundo do trabalho e da ocupação. Podemos ter paz aqui? Penso que Paulo não apenas responderia que sim, podemos, mas penso que ele diria: “É aí que isso é mais importante.” É no lar ou no trabalho não cristão que o homem ou mulher que vive com a paz de Deus em seu coração, que busca paz entre outros, é notado, que dá bom testemunho do Senhor Jesus Cristo. Então a cristandade não é impulsionada por ansiedade ou por implacável ambição; não é devastada por falha, promoção, ou, tristemente, pela perda de um emprego, mas tem aquele tipo de paz profunda interior que flui da confiança em Deus; tal pessoa dá um testemunho silencioso do Senhor Jesus Cristo ao ser como ele.

PACIÊNCIA
Amor, alegria e paz. Os três primeiros na lista de Paulo dos frutos do Espírito Santo soam muito espirituais. São simplesmente o tipo de coisa que bons cristãos devem ter e demonstrar. Mas, quando chegamos à paciência, chegamos a algo que tem mais a ver com aquela área da vida entre segunda e sábado e como convivemos com ela. No local de trabalho, no lar, ou em lugares onde temos nosso lazer.
Paciência, como fruto do Espírito Santo, significa por um lado, a habilidade de aguentar por muito tempo o tipo de oposição e sofrimento que possam aparecer. E, por outro lado, a habilidade de tolerar os pontos fracos dos outros, incluindo outros crentes.
Mas, antes que continuemos a pensar na paciência como uma qualidade que devemos demonstrar, pensemos primeiro na paciência como uma qualidade de Deus. Talvez você não pensaria na paciência de Deus como um aspecto peculiar do Antigo Testamento. Normalmente, se pensa no chamado “Deus do Antigo Testamento” como sempre irado, ou repentinamente irado. E, certamente, há histórias no Antigo Testamento onde a ira de Deus irrompe, e, de fato, onde é justificada.
A primeira descrição que Deus dá de si mesmo em Êxodo 34:6, é quando diz a Moisés: “Senhor, Senhor, Deus compassivo e misericordioso, paciente, cheio de amor”. “Paciente” é do caráter de Deus. E quando olhamos para a história do Antigo Testamento, a longa história da paciência de Deus por muitos séculos e gerações de Israel. Isaías disse a Israel como Deus suportou seus pecados (Isaías 53:12), como um fardo que ele teve que carregar. De fato, ele disse que carregara o próprio Israel do berço à sepultura. E, na verdade, a palavra no Antigo Testamento que é traduzida como “perdoar”, é na verdade “suportar” ou “carregar”. Quer dizer que quando Deus perdoa, é porque ele escolhe levar sobre si nossos pecados; o que, é claro, foi exatamente o que Jesus fez na cruz.
Então, o Antigo Testamento mostra a incrível paciência de Deus, mesmo que fosse combinada com atos necessários de julgamento. E quando o Novo Testamento prossegue a falar da paciência de Jesus, em como ele suportou a violência, a crueldade e a injustiça da cruz, ele também faz desse exemplo de Jesus, um exemplo sobre como nós devemos exercitar a paciência.
Aqui está o que Pedro diz sobre o sofrimento e a paciência de Jesus em 1 Pedro 2:21-24. “Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca; pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente, carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados”. Esta é a paciência de Jesus que Pedro diz que deveria ser um modelo para nós. Voltemos, então, aos dois sentidos dessa palavra “paciência”, quando pensamos em termos de nossa vida cristã. Em primeiro lugar, há a paciência de aguentar o sofrimento. É muito claro na Bíblia que o povo de Deus irá sofrer, por causa da hostilidade e inimizade daqueles que são inimigos de Deus e de seu povo. Então, o exemplo de Cristo que acabo de citar é crucial para nós, não só pelo fato de ele ter sofrido, mas como ele aguentou.
Então, ouça o que Pedro tem a dizer novamente em 1 Pedro 4:12. Ele diz aos cristãos: “Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, Por isso, também os que sofrem segundo a vontade de Deus encomendem a sua alma ao fiel Criador, na prática do bem.” Então a mensagem de Pedro basicamente é que quando cristãos sofrem, não deve haver surpresa, nem retaliação, mas também, nenhuma desistência. Continue na prática do bem. Nós sabemos que milhões de nossos irmãos e irmãs cristãos ao redor do mundo sabem exatamente o que isso significa. Eles sofrem ódio, discriminação, aprisionamento, e frequentemente assassinato e martírio por causa de sua fé em Jesus. E precisamos orar por eles, e buscar encorajá-los. E também devemos estar preparados para o fato de que alguns sofrimentos devem vir em nossa direção através de hostilidade contra o evangelho de qualquer fonte. Devemos estar dispostos a suportá-lo, porque paciência inclui isso.
Mas, em segundo lugar, precisamos lembrar que paciência significa tolerar os outros. Isto é, quando você escolhe tolerar outras pessoas, ao invés de se afastar quando lhe irritam ou pior, significa que você escolhe perdoar alguém ao invés de guardar rancor. Significa que você escolhe deixar passar algo que é ofensivo ou grosseiro ao invés de comprar briga e ficar quite. E me parece que esse tipo de paciência é cada vez mais necessária na comunidade cristã ao redor do mundo. Especialmente, talvez, entre líderes e denominações e organizações cristãs.
Não sei se você conhece um poeminha bobo que diz assim: “Viver em amor Com santos do Senhor, Ah! Isso será glória; Mas viver na realidade Com santos de verdade, Ha! Isso é outra história!” Porque pode ser duro, pode ser difícil ter a paciência de tolerar outros cristãos. E sem mencionar a paciência que eles precisam, às vezes, para nos tolerar. Mas isso é o que a Bíblia exige, é para isso que somos chamados. Mesmo quando somos mal interpretados e quando somos injustiçados. É aí que a paciência é testada, é aí que conta de verdade. Há uma linha daquele lindo hino “Há uma colina verde no horizonte” que diz: “Ele morreu para que fôssemos perdoados.” Sim, isso é verdade. Mas também podemos dizer que ele morreu para que fôssemos perdoadores.

BENIGNIDADE
Então chegamos à benignidade, o próximo fruto do Espírito da lista de Paulo. Estou certo de que você ouviu sobre uma menininha que orou à noite: “Querido Deus, por favor faça todas as pessoas más serem boas, e faça todas as pessoas boas serem gentis.” Porque bondade e benignidade precisam andar juntas. Há um tipo de bondade que pode ser tão fria, analítica e moral, que realmente não é muito gentil. Então Paulo coloca bondade de benignidade juntas dessa maneira, e pensaremos, em primeiro lugar, na benignidade.
Penso que a essência da benignidade é ser atencioso com as pessoas acima de si mesmo. Significa o desejo de encorajar e ajudar outras pessoas, satisfazer suas necessidades, dar-lhes encorajamento, às vezes mesmo quando é inconveniente para você mesmo, ou possivelmente custoso. Costumamos dizer às vezes que a gentileza não custa nada, mas às vezes pode custar bastante. Mas é um desejo de pensar: “Nessa situação, o que eu gostaria que fizessem por mim?” E fazê-lo como uma atitude ou uma palavra de benignidade.
Vamos pensar primeiro na benignidade como parte do caráter de Deus. No Antigo Testamento, há uma palavra maravilhosa que os israelitas costumavam usar bastante a respeito de Deus. Em hebraico, é a palavra “khesed”, e ela é traduzida de muitas maneiras diferentes. Às vezes como amor, ou como fidelidade, ou lealdade, ou misericórdia; mas em traduções mais antigas, era usado o termo “amável benignidade”, um belo termo, e mais frequentemente simplesmente como “benignidade”. Então frequentemente os israelitas cantavam e celebravam isso. Talvez o mais famoso, é o fim do Salmo 23: “Bondade e misericórdia”, esta é a palavra benignidade, “certamente me seguirão todos os dias da minha vida”.
Então, quando o apóstolo Paulo queria falar a um grupo de pessoas que nunca tinha ouvido a respeito do único Deus Vivo verdadeiro em Icônio e Listra, ele escolheu essa ideia da benignidade de Deus em Atos 14:17, e lhes disse: Deus lhes foi “benigno, dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e de alegria”. Então, se é assim que Deus é, então aqueles que conhecem a Deus e pertencem a ele, são chamados a mostrar esse mesmo tipo de benignidade a outros.
Passamos então para, em segundo lugar, a benignidade no exemplo de Jesus. Pois, se benignidade significa cuidar dos outros acima de si mesmo, então certamente Jesus era a benignidade encarnada, ele era a benignidade sobre duas pernas. Eu tenho um amigo que diz querer escrever uma biografia de Jesus que chamará de “Uma Teologia de Interrupções”, porque ele aponta que tão frequentemente muitas das coisas que Jesus diz e faz que são registradas nos evangelhos, acontecem porque alguém o interrompeu, quando ele estava passando por um lugar. Mas Jesus não se ofendia com isso, nem resistia a isso. Ele respondia a tais pessoas com benignidade. Então pense na mulher que o tocou quando Jesus estava a caminho de ir curar a filha de Jairo. Ou a mulher que ungiu seus pés quando estava num jantar de celebração. Ou a mulher de Samaria, ou o cego Bartimeu, ou os pais que trouxeram crianças a Jesus. Constantemente Jesus mostra benignidade para com pessoas que outros achariam estarem se intrometendo e interrompendo Jesus. E, mesmo na cruz, Jesus pensava em sua mãe, acima até de sua própria dor e sofrimento.
Então se é assim que Jesus era em sua benignidade, tenho que me perguntar por que eu tão frequentemente falho em demonstrar benignidade para com outros? Parte porque não quero ser interrompido, porque estou tão ocupado, tenho coisas a fazer, e compromissos para manter. Então ser atrasado ou interrompido para conversar, falar ou demonstrar benignidade para com pessoas é um pouco desconfortável. Ou, talvez, às vezes, é porque estou sendo autoprotetor. Certamente acho, quando viajo muito, quando estou no que minha esposa chama de “modo voo”, quando tenho que chegar a lugares, tenho que fazer, tenho que fazer, e não quero ninguém entrando no meu caminho. E tais momentos, tenho que lembrar a mim mesmo: Se fosse Jesus, o que ele faria? Como responderia às pessoas a sua volta em necessidade? Então benignidade e o caráter de Jesus, precisam ser formados em nós. Isso nos leva ao terceiro ponto, benignidade como um hábito na vida.
Precisamos nos lembrar de que estamos falando aqui do fruto do Espírito. Esse tipo de benignidade não é algo que vem naturalmente, mesmo que algumas pessoas são naturalmente mais benignas que outras. Mas Paulo está falando sobre um tipo de característica da vida que vem de Jesus vivendo em nós e produzindo esse fruto de benignidade dentro de nós. Então, benignidade é um fruto que tem que ser cultivado até que se torne um hábito e parte de nosso caráter, no qual nos tornamos quase mais naturais em fazer o que é benigno do que não fazê-lo; ou, ao menos, que se torne muito desconfortável fazer o que não é benigno, ou em falhar em dar uma palavra ou agir de maneira benigna para com outros.
Então me pergunto se conforme saímos diariamente em viagens, ou ao trabalho, em nossos lares, ou em qualquer lugar que estejamos, deveríamos simplesmente parar e orar pedindo a Deus: Deus, me ajude a encontrar aquelas oportunidades neste dia onde eu possa demonstrar benignidade para com outros. Há alguém que eu possa agradecer no mercado, ou nas ruas? Ou alguém que eu possa valorizar e tornar suas vidas apenas mais um pouco toleráveis. Onde eu possa dar um sorriso, ou uma palavra de agradecimento, elogio, louvor. Como posso ajudar alguém em necessidade, ou em pobreza, ou dar algo eu mesmo às suas necessidades? Como posso mostrar benignidade em ação? Isso se trata de fruto do Espírito.
O pensamento final aqui é que tal benignidade semelhante a Cristo é um testemunho muito forte, porque é profundamente atrativa. Anita Roddick, fundadora da Body Shop, disse o seguinte: “O resultado final da benignidade é que ela atrai pessoas a você.” Bem, para nós, pensando em benignidade como fruto do Espírito, talvez queiramos dizer: “O resultado final da benignidade é que ela atrai pessoas a Jesus.”

BONDADE
Bondade. Paulo coloca benignidade e bondade juntas. E, é claro, elas têm muito em comum. Especialmente têm em comum um elemento de generosidade. Jesus contou uma história de um homem que possuía uma vinha,
e saiu para empregar pessoas para trabalhar nela. Ao longo do dia, as pessoas chegavam em horários diferentes, e no final do dia quando estava pagando seus salários, ele pagou às pessoas que começaram no início do dia um salário por um dia completo. E depois vieram aqueles que chegaram no fim do dia, que trabalharam apenas uma ou duas horas, e ele pagou a eles também o salário por um dia completo. Então os primeiros trabalhadores acharam isso muito injusto, e reclamaram. E Jesus disse a eles: “Vocês têm inveja e ciúmes porque eu sou generoso”. E a palavra que Jesus usou ali é “bom”. Em outras palavras, pessoas boas não estão necessariamente preocupadas com o que é certo e justo, mas querem transmitir generosidade e benignidade. É isso que Jesus parece estar dizendo.
Com a pessoa boa, o que você vê é o que você consegue. Elas são tudo o que parecem ser. São completamente transparentes. Não há vergonha, pretensão. Nenhuma representação. Não estão fazendo isso apenas pelas aparências, mas fazem o que fazem simplesmente porque é a coisa boa e certa a se fazer. Então bondade é uma qualidade transparente. Você pode depender de uma pessoa boa, porque elas fazem o que dizem e são o que são.
Então vamos pensar, em primeiro lugar, em Deus como bom. Cristãos africanos têm um ditado que adoram usar juntos em um tipo de cantiga, que diz: Deus é bom o tempo todo; O tempo todo Deus é bom.
E, de fato, quando olhamos na Bíblia, esta é uma das afirmações mais fortes que se encontra especialmente no Antigo Testamento e nos Salmos. “Rendei graças ao SENHOR, porque ele é bom”. Salmo 107:1
Salmo 119:68: “Tu és bom e fazes o bem”. Então mesmo quando coisas ruins acontecem, pode-se confiar que Deus trará um bom resultado, mesmo através das coisas más que seres humanos fazem. É um dos mistérios da soberania e da providência de Deus. Então no fim do livro de Gênesis, por exemplo, José disse a seus irmãos: “O que vocês intentaram para o mal que vocês intentaram era mal; não há desculpa para isso. Mas Deus o intentou para o bem, para salvar muitas vidas”. Então Deus é bom o tempo todo.
Pessoas boas resistem à tentação de seguir o caminho mais fácil. Elas continuam a fazer o que é certo e bom, mesmo quando há outras opções possíveis. Por exemplo, o Salmo 15 descreve a pessoa justa como alguém que faz o que é certo e fala a verdade do coração, que mantém sua promessa, mesmo quando isso traz dor. Então Deus é bom, pessoas que conhecem a Deus são boas, e é claro, Jesus, como Pedro coloca em Atos 10, “andou por toda a parte fazendo o bem”. E isso não significa apenas que Jesus era legal, gentil e amoroso com outras pessoas, o que, é claro, ele certamente era, mas significa que ele era comprometido em fazer o que era certo,
com fazer o que Deus queria que ele fizesse, mesmo que todo o seu ministério tenha sido atacado com tentações e convites para escolher o caminho mais fácil. O diabo o tentou a fazer isso em suas tentações. Pedro tentou fazê-lo tomar outro caminho. Sua família pediu que ele voltasse para casa e desistisse do que estava fazendo. Pôncio Pilatos lhe ofereceu uma saída, mesmo no momento da cruz. E ainda assim Jesus perseverantemente recusou escolher o caminho mais fácil, Escolhendo, pelo contrário, fazer o que era certo aos olhos de seu Pai, e fazer a vontade de seu Pai.
Portanto, isso significa que, se Deus é bom, e aqueles que conhecem a Deus buscam fazer o bem e o próprio Jesus nos deu um exemplo de fazer o que é bom, então fazer o bem é fruto do Espírito Santo dentro de nós;
não é a maneira pela qual ganhamos o favor de Deus, certamente não é a maneira pela qual conseguimos a salvação, mas é a obra externa da vida de Deus e do Espírito de Deus dentro de nós. Paulo diz aqui que bondade é um fruto do Espírito Santo. E nisso ele está ecoando o ensino de Jesus, porque foi isso que Jesus disse em Lucas 6:43: “Não há árvore boa que dê mau fruto; nem tampouco árvore má que dê bom fruto. Cada árvore é conhecida pelo seu próprio fruto. Porque não se colhem figos de espinheiros, nem dos abrolhos se vindimam uvas. O homem bom tira o bem do bom tesouro do coração, e o mau tira o mal do mau tesouro;
porque a boca fala do que está cheio o coração”. Então Jesus nos diz que o que fazemos mostra o que está dentro de nós; ou, podemos dizer, mostra quem está dentro de nós. E há esse chafariz de bondade no coração fluindo do Espírito de Deus, moldado pelo próprio Jesus para que venhamos a dar o fruto da bondade, ao sermos bons em nossos pensamentos, em nossas atitudes, nossas palavras e nossas ações,
e ao fazermos o bem não como um idealista bobo que atrapalha amigos ocupados, mas como benfeitores, que são aqueles comprometidos a fazer coisas boas.
Agora, por que essa forte ênfase? Porque ela reflete e reage ao evangelho da cruz e a dinâmica da cruz. Quando Paulo disse em Rm 12:21: “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem”, ele está descrevendo exatamente o que Deus fez na cruz. Foi quando a absoluta bondade de Deus confrontou a absoluta maldade do que fizeram a Jesus na cruz, maldade tal que Deus absorveu, suportou e venceu pelo poder de seu amor. Então quando respondemos ao mal no mundo com fruto positivo do Espírito de benignidade e bondade, em primeiro lugar, estamos vivendo no poder da cruz e também antecipamos aquela vitória final da bondade de Deus sobre todo o mal no universo. Então oremos para que o poder do Espírito Santo produza o fruto do Espírito e o cultive em nossas vidas diárias, especialmente no mundo público do trabalho e serviço. Faça o que é bom, faça o que é certo. Isso é produzir o fruto do Espírito na bondade.

FIDELIDADE
Fidelidade. Assim como algumas das outras palavras que vimos na lista de Paulo, esta é uma palavra que tem um significado meio que duplo. Por um lado significa pessoas que são basicamente confiáveis, de quem se pode depender, são fieis e honestas. Mas, por outro lado, significa ser assim por um longo período de tempo no qual uma pessoa prova que é fiel por ter sido confiável não apenas por uma ocasião, mas por toda a vida.
Não há quase nenhum adjetivo que seja mais proeminente no Antigo Testamento quando se fala sobre Deus, do que “fiel”. Podemos voltar para bem no início, um dos mais antigos poemas na Bíblia está em Deuteronômio 32, e o versículo 4 descreve Deus como a Rocha, um Deus de fidelidade, sem injustiça, justo e reto. Os israelitas sabiam disso, é claro, porque em sua história, Deus havia cumprido toda promessa que já lhes fizera. Ele reconheceu-se como um Deus confiável e fiel. Então mesmo quando os israelitas estavam sofrendo o julgamento de Deus por estarem sendo necessariamente punidos por seus pecados, eles ainda sabiam que poderiam voltar para Deus em arrependimento, e Deus seria fiel à sua promessa, e os perdoaria e restauraria.
Então era possível confiar em Deus, mas e no povo de Deus? Infelizmente, frequentemente a resposta era não. E a história do Israel do Antigo Testamento é de repetida ingratidão e persistente infidelidade e traição contra o amor de Deus. Isso é algo que os profetas e as narrativas lamentam: a infidelidade de Israel.
Mas havia exceções. Havia aqueles dentro do Antigo Testamento que se provaram fieis como descrevi. Talvez o maior destes foi Moisés. De fato, o livro de Hebreus cita Números dizendo que Moisés foi fiel em toda a casa do Senhor. E eu penso que tal fidelidade de Moisés é vista de duas maneiras especiais. Primeira, ele era completamente livre de ambição pessoal. Em uma ocasião Deus disse: “Ok, vamos nos livrar desse povo e eu recomeço com você”. E Moisés disse: “Não, não, não… Não podes fazer isso. Este é o povo que livraste, este é o povo que me pediste para guiar”. Então ele não estava interessado em começar um império, ou uma nação. Ele foi fiel ao povo que Deus lhe deu. E segundo, ele era completamente livre de ciúme pessoal. Em certa ocasião houve dois homens que começaram a exercer o dom da profecia no arraial, mas fora da supervisão de Moisés. E Josué, o assistente de Moisés, chegou a Moisés e disse: “Meu senhor! Impeça-os!” Moisés olha para Josué e diz: “Está com ciúmes por mim? Tomara todo o povo do Senhor fosse profeta!” Como se estivesse dizendo: “Eu não me importo que Deus dê seu dom a outras pessoas”. Moisés não tinha ciúmes de sua própria autoridade ou seu exercício dos dons de Deus. Ele era fiel àquilo que Deus lhe deu para fazer.
Então seguimos para a fidelidade na vida e no ensino de Jesus e de Paulo. Jesus, é claro, era fiel, como Deus diria, em toda a casa de Deus, como Filho de Deus, ele foi fiel à tarefa que o Deus seu Pai lhe deu, ele a completou e consumou porque era a vontade de seu Pai. Você só pode de fato confiar nas pessoas onde há honestidade, transparência e responsabilidade. E uma das coisas assustadoras sobre a crise financeira global que temos passado, é essa perda de confiança. Costumava-se dizer que em um mundo bancário e financeiro, por exemplo, na cidade de Londres, a palavra de um homem é seu contrato. E agora parece que ninguém sabe se pode confiar em qualquer outra pessoa. E a desonestidade e a avareza parecem ter se espalhado como veneno por todo lugar.
Quando passamos de Jesus para Paulo, é muito interessante que Paulo era muito cauteloso com relação a essa questão de lidar com dinheiro. Paulo fez uma coleta entre os cristãos gentios na Grécia para levar aos cristãos judeus em miséria em Jerusalém. Era algo muito importante para ele, e ele escreveu muito sobre isso em 1 Coríntios 16, em Romanos 16, e em 2 Coríntios 8. Claramente era uma questão importante para ele. Paulo poderia ter dito: “Olhe, só me dê o dinheiro, eu levo para Jerusalém. Confiem em mim, eu sou um apóstolo”. E ainda assim, ele não fez isso. Mais de uma vez ele disse: “Vocês devem escolher pessoas em quem vocês confiam, homens autorizados pela igreja, e eles me acompanharão, e juntos nos responsabilizaremos por esta oferta. Mas então também há aquele segundo significado da palavra fidelidade que mencionei antes, que significa comprometimento de longo prazo, estável, confiável, por toda a vida. Comprometimento com Cristo, com as Escrituras, com o Evangelho, com a Igreja, com o chamado que Deus nos deu. Estas são as coisas que exigem fidelidade, e é isso que Paulo inclui na lista dos frutos do Espírito.
Eu amo essa lista em Romanos 16, porque ela torna toda essa questão muito pessoal. Aqui estavam homens e mulheres que Paulo amava, com quem Paulo trabalhou, alguns que poderiam estar na prisão com ele, alguns que arriscaram suas vidas por ele. E Paulo diz: “É isso que significa fidelidade, esse comprometimento de longo prazo com a obra de Deus por toda uma vida. Então no fim de sua própria vida, Paulo podia dizer aquelas famosas palavras em 2 Timóteo 4:7: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé”. Este é o tipo de comprometimento e fidelidade do qual Paulo, Jesus e Moisés eram modelos, e este é o tipo de fidelidade que Deus quer ver em nós enquanto buscamos produzir os frutos do Espírito.
MANSIDÃO
Se paciência é a habilidade de suportar oposição e crítica sem irar-se, então mansidão é a habilidade de suportar tais coisas sem agressão. Mansidão é aprender como reagir a críticas, rejeição ou a males que nos são feitos, não com violência ou autodefesa, e um tipo de postura hostil que surge, não ser cheio de espinhos quando as pessoas não são exatamente o que queremos que sejam, mas, pelo contrário, responder com brandura, sem ira, sem amargura, na verdade por estarmos realmente cientes de que somos tão imperfeitos, humanos, falhos quanto todo mundo, e a outra pessoa que me fez algum mal pode estar tão magoada quanto eu, e eu reagir com agressão, isso só piorará as coisas.
A mansidão também é muito próxima à humildade. De fato, às vezes elas vêm juntas. Quando você olha para Efésios 4:2, quando ele apresenta a primeiríssima coisa que ele diz que os novos convertidos devem fazer quando estão andando num caminho que é consistente com seu chamado, é terem toda humildade e mansidão. Este é seu ensino.
No mundo antigo no qual Paulo cresceu, o mundo greco-romano, mansidão e humildade não eram realmente consideradas virtudes boas de se ter. Aristóteles, o grande filósofo grego, incluiu a mansidão, a palavra que Paulo usa em sua lista de virtudes, como um meio-termo entre excessiva raiva e ira, e a inabilidade de se irar quanto a qualquer coisa. Então Aristóteles diz que mansidão está no meio do caminho. Mas a humildade era, na verdade, desprezada no mundo antigo. Não era uma virtude de maneira nenhuma. Homens de verdade eram heróis; homens de verdade queriam exercer poder, força física, predominância, habilidades e ser heroicos. E isto, é claro, faz parte de um mito que chega a nós por filmes hollywoodianos, e através de todos esses super-heróis sobre os quais lemos, homens de capa, pessoas que são irresistíveis, poderosas, e que sabem o que fazem. E a virtude bíblica da mansidão é diametralmente oposta dessas coisas, mas ainda é considerada como uma força e um fruto do Espírito Santo.
Vamos pensar, em primeiro lugar, na mansidão de Deus no Antigo Testamento. Ora, esta pode não ser uma qualidade de Deus que você associaria imediatamente ao chamado “Deus do Antigo Testamento”, e ainda assim, quando você lê o Antigo Testamento, os salmos e os profetas frequentemente falam da mansidão de Deus. Por exemplo, o famoso Salmo 23 fala de Deus como um pastor que ama, cuida e supre suas ovelhas. Eu amo aquela história de Elias em 1 Reis 19, você se lembra? Quando Elias estava fugindo de Jezabel temendo por sua vida, e caiu numa espécie de depressão suicida. E Deus o encontra no deserto, sob uma árvore desejando morrer. E o que Deus faz? Basicamente Deus o conforta. Deixa-o dormir, e depois o acorda para tomar café-da-manhã. E a comida que Deus lhe deu foi pão recém assado no céu, entregue por um anjo. Então Deus o levou de volta para o Monte Sinai, e novamente lhe dá uma demonstração audiovisual de terremoto, vento e fogo. Mas então, o texto diz que Deus não estava naquelas coisas. Quando Deus falou a Elias, foi, como costuma ser traduzido, uma pequena e tranquila voz, ou em nossa tradução moderna, um manso sussurro. E depois de lidar com Elias tão mansamente, Deus manda Elias de volta e o restaura a seu trabalho. Então a mansidão de Deus no Antigo Testamento está lá.
E então podemos pensar na mansidão de Jesus. Assim como dizia um antigo hino infantil: “Manso Jesus, gentil e brando”. Isso certamente não significa que Jesus era um banana; que ele nunca dizia palavras fortes, que ele sempre era legal com todo mundo, pois nós sabemos que Jesus podia falar duramente e podia lidar com transgressões com bastante honestidade e sinceridade. Mas ele o fazia de uma maneira mansa. De fato, há uma famosa passagem em Mateus 11:28-30 onde Jesus diz o seguinte: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve”.
Então não é de surpreender com este contexto das histórias do Antigo Testamento e com o ensino e o exemplo de Jesus, que o apóstolo Paulo tenha transformado a mansidão, que era uma das qualidades desprezadas do mundo que o cercava, em uma das principais virtudes do cristão, e um dos elementos-chave do Fruto do Espírito. Paulo, é claro, foi um modelo dela. Talvez ele não tenha achado fácil ser manso, mas quando ele teve algumas coisas duras para dizer à igreja de Corinto, ele prefacia o que dirá com estas palavras: “Rogo-vos pela mansidão e humildade de Cristo…”
Então, qual é a fonte desse tipo de mansidão contracultura? Bom, Paulo diz que é o Fruto do Espírito, e ele cresce em nós conforme o Espírito habita em nós. Mas penso que vem especialmente da humildade que, como eu disse, frequentemente vem junto com a mansidão. A humildade é aquela profunda autoconsciência, aquele conhecimento de que eu sou tão imperfeito, tão humano e tentado quanto qualquer um. Portanto, quando outra pessoa comete um erro, ou derruba algo e quebra, ou perde a chave do carro, ou esquece de fazer o que prometeu, eu me lembro que poderia facilmente ter sido eu. Então não reajo com ira, irritação, mas com humildade e autoconhecimento, posso reagir mansidão: A mansidão de Jesus. O Fruto do Espírito.

DOMÍNIO PRÓPRIO
Então chegamos ao último item da lista de Paulo dos frutos do Espírito: domínio próprio. Ele aponta muito precisamente para aquela lista das obras da carne que Paulo mencionou antes do Fruto do Espírito, porque muitas delas descrevem a natureza humana fora de controle em impureza sexual, glutonaria, ciúmes, etc. E o domínio próprio que Paulo traz aqui é diametralmente oposto a isso. Então é, de fato, um contraste muito preciso. E por ele apontar para aqueles pecados e maus caminhos, esta é provavelmente a razão pela qual este fruto do Espírito em especial é o único que não possui uma qualidade equivalente de Deus que possamos descobrir, pois o próprio Deus não precisa manter sob controle paixões malignas ou pecaminosas, Deus não é tentado pelo mal, e nele não há treva alguma.
Então enquanto podemos certamente falar da paciência de Deus, da benignidade de Deus, da bondade de Deus, da fidelidade de Deus, quando chegamos ao domínio próprio, isso é algo que nós precisamos, e não uma qualidade que Deus precise demonstrar.
Aristóteles, o grande filósofo grego, louvava muito o domínio próprio. Para ele, era a capacidade de ter paixões poderosas, mas ser capaz de mantê-las sob controle. Quando estive em Uganda há alguns anos atrás, vi um anúncio de pneus Pirelli. Era um outdoor enorme beirando a estrada, e tinha um grande punho negro quase vindo na sua direção, mas as juntas na base do punho eram como as fibras de pneus de um grande caminhão. E sobre o anúncio, dizia: “Poder não é nada sem controle”. O controle dos pneus. Pensei: “Esta é uma boa mensagem”. Porque Paulo teria concordado. Ele disse que nós temos paixões, e elas são muito poderosas, mas precisam ser mantidas sob controle. Talvez ele estivesse pensando especialmente sobre nosso impulso sexual, mas certamente não apenas isso.
Há muitas outras maneiras pelas quais nossa natureza humana decaída, nossa carne, como Paulo diz, produz oportunidades para cair, falhar e escorregar em tentação. A tentação sexual continua muito forte, e é claro, a Bíblia é cheia de exemplos de pessoas que caíram nela, e outras que resistiram a ela. Podemos pensar, por exemplo, em José que exercitou domínio próprio quando foi tentado pela esposa de Potifar. Ou podemos pensar em Davi que falhou em exercitar domínio próprio com Bate-Seba e acabou perdendo o domínio não só de si mesmo, mas também do resto de sua família.
Bem, talvez você possa pensar que tenha alcançado o ponto onde você tenha as necessidades sexuais sob controle. Talvez você não possa nem imaginar ter energia para uma orgia e nem sequer saberia onde encontrar uma. Mas há outras maneiras nas quais nossa natureza humana pecaminosa precisa ser dominada. E quanto ao controle de seu temperamento? E quanto ao controle de seu apetite? Precisamos lembrar que o apóstolo Paulo inclui iras e glutonaria entre os pecados que ele condena. E quanto ao controle de nossos pensamentos, nossa imaginação, e nossos desejos que se escondem dentro de nossos corações e mentes? E talvez o mais importante, e quanto ao controle de nossa língua? Lembra-se de como Tiago diz que a língua é um órgão tão pequeno, e ainda assim pode criar tantos males e destruição quando sai de controle?
Então de várias maneiras o domínio próprio é parte importante da disciplina cristã e dos frutos do Espírito. E caso possamos pensar que o domínio próprio é algo particularmente necessário para a juventude de nossos dias, leia Tito capítulo 2. Porque Paulo usa as palavras “domínio próprio” aplicando-as a homens idosos, mulheres idosas, e a homens jovens e mulheres jovens, então é algo para todas as idades, e para ambos os sexos.
Isso nos traz ao fim de nossa série sobre o Fruto do Espírito, mas antes de terminarmos, quero trazer-nos de volta a Gálatas 5 onde Paulo fala sobre isso, porque ele finaliza o capítulo dizendo três coisas importantes que precisamos tomar nota.
Em primeiro lugar, ele diz a respeito dos frutos do Espírito, que contra tais coisas não há lei. Ora, isso soa um pouco estranho, afinal, quem decretaria uma lei contra benignidade ou bondade? Penso que o que Paulo quer dizer, é que a lei não tem nada a ver com tais coisas; ele está falando do comportamento que vem do caráter. Então tais comportamentos que observamos no Fruto do Espírito não fluem do tipo de regra que você segue, mas do tipo de pessoa que você é, ou a pessoa que você está se tornando conforme o Senhor Jesus Cristo é formado dentro de você através do poder do Espírito Santo. Então esta é a primeira coisa.
A segunda coisa é que Paulo fala negativamente que há certas coisas para as quais devemos dizer “não”. Ele diz que os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne. É uma palavra muito forte. Ela quer dizer que há certas coisas que um cristão precisa simplesmente dizer: Isso não é aceitável para mim. Há lugares para onde não devo ir. Há coisas para as quais não devo olhar. Há palavras que eu não devo dizer. Há relacionamentos que não devo manter. Há posturas que não devo me permitir adotar. Isso não é uma espécie de asceticismo. Isso não significa se isolar em uma espécie de negatividade, mas é uma disciplina da vida cristã. Há uma maneira de dizer “não” que é importante para produzir frutos do Espírito.
E em terceiro lugar, Paulo diz que se vivemos no Espírito, isto é, se foi o Espírito Santo que nos deu vida, então deveríamos continuar andando no Espírito. É uma espécie de metáfora militar, como um exército marchando em sincronia. E Paulo diz: “Certifique-se de estar seguindo o ritmo do Espírito Santo em sua vida positivamente”.
Mas, finalmente, por que tudo isso é importante? Por que é importante que nos tornemos mais como Jesus? Quero voltar novamente no fim para John Stott, que foi como começamos nossa série. Quando John Stott estava pregando aquele sermão sobre a semelhança com Cristo em Keswick, em julho de 2007, ele disse estas palavras: “Por que nossos esforços evangelísticos são frequentemente atormentados pelo fracasso? Uma razão principal é que nós não somos semelhantes ao Cristo que proclamamos”. E isso me parece ser a essência disso tudo. Se não somos semelhantes a Cristo, como podemos representá-lo para o mundo?
E então John Stott prosseguiu e disse o seguinte, ainda citando o mesmo sermão: “Eu falei muito sobre a semelhança com Cristo, mas como isso é possível para nós? Em nossa própria força, claramente não é. Mas Deus nos deu seu Espírito Santo para capacitar-nos a cumprir Seu propósito”.
E então ele, John Stott, citou William Temple:
“Não é bom me dar uma peça, como Hamlet ou Rei Lear, e me dizer para escrever uma peça como aquela. Shakespeare conseguia fazê-lo, mas eu não. E não é bom me mostrar uma vida como a vida de Jesus, e me dizer para viver uma vida como aquela. Jesus conseguia fazê-lo, mas eu não. Mas se a genialidade de Shakespeare pudesse vir e viver em mim, então eu poderia escrever peças como as dele. E se o Espírito de Jesus pudesse vir e viver em mim, então eu poderia viver uma vida como a dele”. “O propósito de Deus”, concluiu John Stott, “é nos fazer semelhantes a Cristo; e a maneira de Deus é nos encher de seu Espírito Santo”.
Foi disso que se tratou esta série. É por isso que oramos, que nos tornemos mais semelhantes a Jesus ao produzir o Fruto de seu Espírito Santo.

Por: Chris Wright. © Copyright The Langham Partnership. Todos os direitos reservados. Usado com permissão. Website: http://www.9aday.org.uk/
Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que informe o autor, seu ministério e o tradutor, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.

Vinícius Musselman Pimentel é formado em engenharia química pela UNICAMP e graduando em Teologia pelo Seminário Martin Bucer. Em 2008, fundou o blog Voltemos ao Evangelho ao conhecer a doutrina reformada e ser confrontado com a dura realidade teológica do Brasil. Atualmente, trabalha como Editor Online no Ministério Fiel. Vinícius é casado com Aline e vive em São José dos Campos/SP.


Fonte (original): Voltemos ao Evangelho

Os doze espias

"Números, cap. 13 Versos 25 a 33 - Ao fim de quarenta dias, eles voltaram de sondar a terra. Ao chegarem, apresentaram-se a Moisés e ...