sábado, 17 de janeiro de 2015

Livros dos Profetas Introdução, A mensagem.

Durante centenas de anos, o povo hebreu gerou uma quantidade extraordinária de profetas – homens e mulheres que se diferenciaram dos demais pela autoridade e pela habilidade com que apresentavam a realidade de Deus. Eles anunciavam as ordens e promessas de Deus, bem como sua presença viva as comunidades e nações que haviam se apegado a fantasias religiosas e a deuses de mentira.
Todos os seres humanos creem em Deus, uns mais, outros menos.Mas a maioria de nós faz o que pode para manter Deus à margem da nossa vida. Se isso falhar, tentamos moldar Deus para que ele se adapte às nossas conveniências. Os profetas insistem em que Deus é o Centro soberano: ele não esta em algum canto, esperando nosso aceno ou nosso chamado. E os profetas insistem em que o tratemos exatamente como ele se revela, não como imaginamos que ele seja.
Estes homens e mulheres tentavam despertar o povo para a realidade da presença soberana de Deus no cotidiano. Eles esbravejavam, choravam, reprovavam, confortavam, desafiavam e encorajavam.Usavam as palavras com autoridade e criatividade, não importava se de forma áspera ou sutil.

Dezesseis desses profetas deixaram por escrito suas mensagens. Nós os chamamos “profetas escritores”. Eles compreendem a seção bíblica de Isaías a Malaquias. Esses dezesseis profetas hebreus nos ajudam a continuar atentos e orientados para se desenvolver uma vida de fidelidade e obediência a Deus. Pois os caminhos do mundo – suas pressuposições, seus valores e métodos – nunca estão do lado de Deus. Nunca!
Os profetas purificam nossa imaginação das pressuposições que o mundo tem de como viver a vida e do que é importante para o ser humano. O Espírito Santo usa esses profetas para separar o povo de Deus das culturas em que vivem, pondo-os outra vez no trilho da fé, da obediência e da adoração simples, na contramão de tudo que o mundo admira e reconhece. Os profetas ensinam a discernir os caminhos que o mundo oferece dos caminhos do evangelho, mantendo-nos ao alcance da Presença de Deus.

Não precisamos avançar muito na leitura dos profetas para perceber que eles não eram nada tolerantes nem despreocupados. Os profetas não eram figuras populares. Eles nunca atingiam o status de celebridade e destoavam, decididamente, do temperamento e das tendências das pessoas com quem conviviam. E os séculos não os tornaram mais brandos.
É compreensível que seja difícil chegarmos a um acordo com eles. Eles não se importavam muito com nossos sentimentos. Sua “capacidade de relacionamento”, como dizemos, é bem limitada. Gostamos de líderes, especialmente os religiosos, que entendam nossos problemas (“que caminhem conosco”, é a expressão para isso), líderes com um toque de fascínio, que sejam fotogênicos nas peças publicitárias e na televisão.
A realidade nua e crua é que os profetas não se encaixam no nosso estilo de vida.
Diante de um povo que está acostumado a “fazer Deus se encaixar na sua vida” ou, como gostamos de dizer, de “dar lugar para Deus”, os profetas se mostram inflexíveis. O Deus anunciado pelos profetas é grande demais para caber na nossa vida. Se quisermos algo de Deus, nós é que temos de nos encaixar nele.
Os profetas não são “razoáveis”, não se acomodam ao que faz sentido para nós. Eles não negociam, não atuam de forma diplomática, por isso não aceitam nenhum palpite nosso na conversa. O que eles fazem é nos arrastar, sem rodeios, para uma realidade grande demais para ser compreendida por nossas explicações ou expectativas. Eles nos lançam no mistério imenso e surpreendente.
Suas palavras e visões penetram as ilusões em que nos enclausuramos para fugir da realidade. Nós, seres humanos, temos uma enorme capacidade para a negação e o autoengano. Tornamo-nos incapazes de lidar com as consequências do pecado, de encarar o castigo e admitir a verdade. E é aí que entra os profetas: Eles nos ajudam a reconhecer, e, só depois disso, entrar na vida oferecida por Deus, a vida que a esperança em Deus abre para nós.
Eles não tentam explicar Deus. Eles nos sacodem até que deixemos cair os antigos hábitos de pequenez da mente e os conceitos banais acerca de Deus e despertemos para a admiração, a obediência e a adoração. Se insistirmos em entendê-los antes de encarná-los, jamais chegaremos lá.

Essencialmente, os profetas faziam duas coisas. Eles trabalhavam para convencer o povo a aceitar as piores consequências como julgamento de Deus – não uma catástrofe religiosa ou um desastre político, mas juízo divino. Se o pior que nos acontece é julgamento de Deus, então podemos enfrentar o acontecimento, em vez de negá-lo ou evitá-lo, pois Deus é bom e deseja nossa salvação. Assim, o juízo divino, embora não seja o que nós, humanos, esperamos no futuro que projetamos, na verdade jamais será o pior que pode nos acontecer: é o melhor, pois é a obra de Deus para pôr em ordem o mundo e a nós.
Os profetas trabalham para ajudar os desanimados a se abrir para a esperança quanto ao futuro, garantida por Deus. Dos escombros do exílio, da morte, da humilhação e do pecado, o profeta fazia surgir a luz da esperança, abrindo a vida das pessoas para uma nova obra de salvação. É esse o empenho de Deus em qualquer tempo e lugar.


Um dos maus hábitos que adquirimos desde cedo na vida é separar as coisas e pessoas em duas categorias: “Secular e Sagrado”. Pressupomos que o secular é o que está mais ao menos sob nossa responsabilidade: trabalho, tempo, lazer, governo, relações sociais. O sagrado está sob a responsabilidade de Deus: a adoração e a Bíblia, o céu e o inferno, a igreja e as orações. Assim, projetamos um lugar sagrado para Deus, designado, dizemos, para honrá-lo, mas na verdade é uma tentativa de manter Deus no lugar dele, enquanto ficamos livres para dar a palavra final sobre todo o restante que acontece na vida.
Os profetas não aceitam isso. Eles argumentam que tudo, absolutamente tudo, acontece em solo sagrado. Deus tem algo a dizer sobre todos os aspectos da nossa vida: como nos sentimos e agimos na esfera chamada privativa do nosso coração e da nossa casa, como ganhamos nosso dinheiro e em que o gastamos, as opiniões políticas que adotamos, as batalhas que travamos, as catástrofes que suportamos, as pessoas que magoamos e as que ajudamos. Nada está livre do exame minucioso de Deus, nada está fora do governo dele, nada escapa aos seus propósitos. Santo, santo, santo!
Os profetas mostram que é impossível fugir de Deus ou pegar atalhos para passar por ele. Os profetas insistem em que aceitemos a atuação de Deus em todos os aspectos da vida. Para os profetas, Deus é mais real que o seu vizinho mais próximo.

Livros dos Profetas Introdução, pág. 931-933,  A mensagem.

Após uma introdução maravilhosa como essa encontrada na Bíblia, A mensagem, que tal lermos os livros dos profetas? Vamos nos aventurar nas páginas dos profetas! Esse convite está aberto tanto a você que já leu a Bíblia quanto a você que ainda não a leu. Se você encontrou esse blog e leu esse artigo, é uma boa ideia pensar na possibilidade de fazer uma leitura da Bíblia começando pelos profetas. 
E que através desta leitura, o Senhor abra os nossos olhos e ouvidos, e o nosso coração se encha de temor e amor por Deus e sua Palavra. E, que sejamos purificados e santificados por Deus, que a leitura da Palavra dEle gere vida em nós (e gerará!). Será um desafio, uma vez que quando queremos nos dedicar a leitura diária da Bíblia, sempre surge contra-tempos para nos desafiar do foco, que é a leitura da Palavra de Deus. Mas que a Graça do Senhor Jesus nos sustente!

Paz e Graça. 
Priscila G. 

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