sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Salmos 77:4

"Conservas vigilantes os meus olhos; estou tão perturbado que não posso falar". (Salmos 77: 4)

Tens conservado insones meus olhos. Este versículo tem com o anterior o mesmo propósito. O salmista afirma que passava todas as noites em vigília, porquanto Deus não lhe concedia alívio. As noites, nos tempos antigos, geralmente eram divididas em várias vigílias; e, conseqüentemente, ele descreve a contínua tristeza que o impedia de dormir, usando o termo metafórico vigílias. Ao declarar um pouco antes que orou a Deus em voz audível, e ao afirmar agora que permanecerá em silêncio, pode parecer existir aqui alguma discrepância. Essa dificuldade já foi resolvida em nossa exposição do Salmo 32.3, no qual demonstramos que os verdadeiros crentes, quando se sentem esmagados pela tristeza, não continuam em estado de invariável desconforto, mas às vezes dão vazão aos suspiros e queixas, enquanto que, em outras ocasiões, ficam em silêncio como se suas bocas estivessem amordaçadas. Portanto, não surpreende encontrar aqui o profeta confessando francamente que se sentia esmagado e, por assim dizer, chocado com as calamidades, ao ponto de sentir-se impossibilitado de abrir sua boca para pronunciar sequer uma única palavra.

Alguns dos comentaristas judeus interpretam esta cláusula assim: “Tu manténs os supercílios de meus olhos.” Os supercílios que protegem os olhos foram mantidos, de modo que ele não podia fechá-los e poder dormir. O sono para uma pessoa em angústia tem o efeito de interromper seu sofrimento por algum tempo e do enfraquecimento refrigerando o corpo. Portanto, em tais circunstâncias ele é uma grande bênção e, por isso, é avidamente desejado. Mas ter esse sono negado, e para o sofredor ter de enfrentar a insônia e noites intermináveis de fadiga é um profundo agravo de seu estresse.

João Calvino, O livro dos Salmos, volume 3.

Salmos: 77:3

"Lembro-me de Deus, e me lamento; queixo-me, e o meu espírito desfalece". (Salmos: 77. 3)


Lembrar-me-ei de Deus e me sentirei perturbado. O salmista aqui emprega uma variedade de expressões para expressar a intensidade de sua dor e, ao mesmo tempo, a profundidade de sua aflição. Ele se queixa de que o que se constituía no único antídoto para aliviar sua angústia tomara-se-lhe uma fonte de inquietude. Aliás, pode parecer estranho que a mente dos verdadeiros crentes seja perturbada com a lembrança de Deus. A intenção do escritor inspirado, porém, é simplesmente esta: embora apresentasse a Deus a angústia de sua mente, ela não era removida. Sem dúvida, repetidas vezes sucede que a lembrança de Deus em tempo de adversidade agrava ainda mais a angústia e perturbação dos justos; por exemplo, quando nutrem o senso de que ele está irado contra eles. O profeta, contudo, não pretende dizer que seu coração era atingido por nova angústia e inquietude sempre que Deus surgia em sua lembrança; ele simplesmente lamenta que nenhuma consolação emanava de Deus que lhe propiciasse alívio; e essa é uma provação muitíssimo difícil de suportar. Não surpreende contemplar os ímpios torturados por pavorosa agonia mental; porque, já que seu grande objetivo e empenho é afastar-se de Deus, então que sofram o castigo que merecem por conta de sua rebelião contra ele. Mas quando a lembrança de Deus, da qual buscamos extrair consolação para aliviar as nossas calamidades, não oferece repouso nem tranqüilidade a nossas mentes, então nos dispomos a crer que ele está se divertindo a nossas custas. Somos, não obstante, instruídos por esta passagem que, quanto mais experimentamos irritação, angústia e inquietude, mais devemos perseverar no exercício de invocar a Deus mesmo diante de todos esses impedimentos.

João Calvino, O livro dos Salmos, volume 3.

Salmos 77:2

"No dia da minha angústia busco ao Senhor; de noite a minha mão fica estendida e não se cansa; a minha alma recusa ser consolada". (Salmos: 77. 2)
Busquei o Senhor no dia de minha angústia. Neste versículo ele expressa mais distintamente a grave e dura opressão a que a Igreja se sujeitara naquele tempo. Há, contudo, certa dose de ambiguidade nas palavras. O termo hebraico, yad, o qual traduzi por mão, é às vezes tomado metaforicamente por uma ferida ou mágoa, e, portanto, muitos intérpretes trazem à tona este sentido: Minha ferida [ou mágoa] percorreu a noite, e não cessou;' equivale dizer: Minha ferida não foi suficientemente purificada de elementos ulcerosos, ao ponto de sua supuração parar de escorrer. Eu, porém, ao contrário tomo a palavra em seu sentido ordinário, que é mão, porque o verbo niggera, que ele usa aqui significa não só penetrar como faz uma chaga, mas também estender-se ou espalhar-se. Ora, ao dizer que buscava o Senhor no dia de sua angústia, e que suas mãos se lhe estenderam nos momentos noturnos, isso denota que a oração era seu exercício contínuo - que seu coração estava tão solícita e incansavelmente engajado nesse exercício, que ele não podia desistir dele. Na sentença final do versículo, a partícula adversativa, embora, deve suprir a lacuna; e então o significado ficará assim: embora o profeta não encontrasse nenhum consolo e nenhum lenitivo para a amargura de sua tristeza, ele ainda prosseguia com suas mãos estendidas rumo a Deus. ,E assim cabe-nos reagir contra o desespero, para que nossa dor, ainda que nos pareça incurável, não feche nossa boca e nos impeça de derramar nossas orações na presença de Deus.

João Calvino, O livro dos Salmos, volume 3.  

Salmos 77:1

"Minha voz chegou a Deus, e eu clamei; minha voz chegou a Deus, e ele me ouviu." (Sl 77:1)
Minha voz chegou a Deus, e eu clamei. Isso não constitui mera queixa, como alguns intérpretes o explicam, denotando a surpresa que o povo de Deus sentiu ao descobrir que aquele que até então costumava atender seus pedidos, fechava-lhes seus ouvidos e era invocado em vão. Parece mais provável que o profeta, ou fala da atual emoção de sua mente ou está a recordar como havia experimentado que Deus se inclinara e se prontificara a ouvir-lhe as orações. Não pode haver dúvida de que ele está a descrever a grandeza da dor com que era afligido; e, em minha opinião, denota um ato contínuo pelo uso dos tempos verbais, pretérito e futuro. Em primeiro lugar, ele declara que não lançara nesciamente ao ar seus clamores, à semelhança de muitos que proferem imoderadamente amargos brados ao léu, opressos por dores; mas que dirigira sua oração a Deus quando a necessidade o constrangera a clamar. A conjunção e, a qual se junta ao verbo clamar, deve ser determinada pelo advérbio de tempo, quando, ficando assim: Quando clamei, minha voz chegou a Deus . Ao mesmo tempo, ele também demonstra que, embora às vezes se via constrangido a reiterar seus clamores, ele não dá como perda de tempo sua perseverança em oração. O que se adiciona imediatamente a seguir se destina à confirmação de sua fé: Ele me ouve. A conjunção e, como em muitos outros lugares, é aqui expressa no lugar do advérbio causal porque. O significado é que ele se animou a clamar a Deus, a partir da consideração de que essa era a forma costumeira de Deus mostrar seu favor e misericórdia para com ele.

Comentário por João Calvino, O livro dos salmos, Volume 3.  


Alguns dias atrás, através de uma reunião que meu namorado e eu fazemos juntos, ele mencionou dentro da sua mensagem, o salmo 77. E, este me chamou muita atenção, tanto que tenho lido ele, sempre que possível, desde então... Posteriormente, eu quis comentar um pouco também sobre este salmo em uma das nossas reuniões em família (com minha mãe e irmãos); E, para comentar sobre este salmo, procurei algum livro que tenha comentário do mesmo, o livro de comentários por João Calvino. Então, resolvi, repassar diariamente um versículo desse salmo com seu respectivo comentário para alguns contatos da minha lista do whatapp, e, hoje resolvi postar estes mesmos trechos aqui no blog! 

Priscila Grazielle 
30-09-16

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Lugar de Origem

Grandes casas construí
Fortalezas eu ergui
Buscando ilusões pra me sentir completo
Prazer algum a mim neguei
Cai no poço que cavei
Tentando encontrar o que só há no eterno

Tu és a minha residência
Lugar de origem, procedência
Só em ti a vida é vida plena
Encontro em ti resiliência
Não perco a forma na tormenta
Castelo forte, minha rocha eterna

O meu coração está inquieto, quer descansar em ti
Pois só em teus braços há plenitude

(Trecho retirado da Música "Lugar de Origem" de Jeferson Pillar)

Resiliência: "Na ciência dos materiais, a resiliência é definido como a medida em percentual da energia que pode ser absorvida dentro do limite elástico sem criar uma deformação permanente (deformação plástica). Em curtas palavras, a resiliência é a capacidade de um material voltar ao seu estado normal depois de ter sofrido tensão". (Copyright © E-Civil)


terça-feira, 13 de setembro de 2016

Série - O Evangelho para os Evangélicos

O Evangelho para Evangélicos - Angelo Bazzo (1x4)


O Evangelho para os Evangélicos - Angelo Bazzo (2x4)


O Evangelho para os Evangélicos - Angelo Bazzo (3x4)


O Evangelho para os Evangélicos - Angelo Bazzo (4x4)


Priscila Lima 
13-09-16



segunda-feira, 12 de setembro de 2016

A resposta da Bíblia para o stress

Muito boa esta pregação! Que nós venhamos a entender isso: "Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece." Fl 4:13 - Mas antes disso, precisamos entender os versos anteriores: "Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade." Fl 4:11,12. 
E no fim dizer, através do poder Deus em nós, poderemos responder ás circunstâncias: Sim, Senhor! Obrigada, Senhor!


 

att,
Priscila Lima 
12-09-16

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Ferida - Em busca da Alma femina

Um outro livro que eu "super indico", principalmente, ás mulheres (mas aconselho aos homens para  o lerem também), é o livro "Em busca da alma feminina" dos autores John & Stasi Eldredge. Este livro é muito bom! Todas a mulheres precisam lê-lo! Eu já li este livro faz muito tempo, e na época , quando o indicaram eu não o encontrei em nenhum lugar para comprá-lo, só o encontrei em arquivo eletrônico. Mas, agora, para nossa alegria, uma editora publicou ele novamente e está vendendo o livro (Aqui). E, vou ganhar este de presente da minha irmã! Que emoção!
Então, o que me fez voltar aqui e falar dele, é porque a minha cunhada está organizando na igreja dela, juntamente com a permissão da liderança de lá, encontros mensais, com as mulheres (de qualquer idade) para falarem a respeito do livro. Cada encontro é exposto dois a três capítulos, e cada capítulo é falado por uma pessoa diferente (preletores). E, em resumo, amanhã eu estarei lá falando a respeito do capítulo 4 - Ferida, e como eu tenho apenas 40 minutos, eu tive que reduzir muito o capítulo e ainda sim, estou correndo o risco de não conseguir falar tudo o que planejei. Mas, agora, chega de "blá ... blá", vou compartilhar aqui então, meu esboço de amanhã, referente ao livro, que serve para vocês perceberem a profundidade de que se trata um dos capítulos do livro. 

CAPÍTULO 4 - FERIDA

Definição de Ferida: “Lesão produzida no organismo por golpe, choque, instrumento perfurante, cortante; [Figurado] Ofensa, mágoa e dor.” (fonte: https://www.dicio.com.br/ferida/)

O capítulo se inicia com a seguinte frase: 

“Estas palavras são navalhas para meu coração ferido” (Shakespeare)

Verifica-se que quando um coração está ferido qualquer palavra ou ação é como navalha. Pessoas feridas sempre estão na defensiva ou se justificando. Um coração ferido não consegue discernir entre o bem e o mal, pois quase tudo será tratado como algo "ofensivo" vindo da parte do outro, enquanto nem sempre essa é a realidade. 

No livro Cultura de avivamento  de Michael Brodeur e Banning Liebscher (também indico e muito esta leitura), no capítulo 6 - "A cultura de avivamento e a família", descreve: "Meu entendimento sobre o real desafio de construir uma família saudável em nossa geração tem crescido. (...) Não há como negar que a família é a ESTRUTURA RELACIONAL mais importante que existe. Infelizmente o mundo em que vivemos tem se tornado cada vez mais órfão de pai e mãe."  

“De acordo com o projeto de Deus, existem três principais elementos ou nutrientes que uma estrutura saudável de família provê para uma criança em crescimento: CONFIANÇA, AMOR E ESPERANÇA". 
  • Confiança: A confiança nos trás segurança – ela vem quando as crianças sabem que são protegidas e supridas
  • Amor: O amor incondicional, que é a fonte de identidade. Se o fundamento do amor e da sensação de pertencimento não estiver muito bem firmado em nossos corações quando crianças, iremos com freqüência impactar a comunidade de maneiras destrutivas e nocivas.
  • Esperança: Os pais amorosos recebem a responsabilidade básica de proporcionar a visão, a motivação e a direção que seus filhos precisam para se tornarem as pessoas que Deus as chamou para ser.  Salmo 127:4 “ Como flechas na mão do guerreiro, assim sao os filhos da mocidade”. Filhos são "Flechas" em potencial que ficam na aljava da família. Deus chama os pais para mirarem seus filhos em direção ao destino divino, liberarem a corda e enviá-los para o chamado da vida deles. Em outras palavras, Deus concebeu a família para ser a incubadora do destino, um ambiente de verdade, amor e esperança em que um filho imaturo e imperfeito pode crescer em maturidade e se tornar o que foi criado para ser. (pag. 120) 

Voltando ao livro, Em busca da alma feminina, temos um "modelo, exemplo" de ambiente em que uma criança deve crescer: 

2° parágrafo, página 38 “A vida para Carrie era mais próxima da vida que Deus queria para cada menina. Ela sabia que seu pai a amava. Ela era a princesa dele. Ele era seu cavaleiro em uma armadura brilhante. Queria passar tempo com ela. Carrie sabia que sua mãe a amava e a queria. Era um mundo em que seu pai a protegia, sua mãe cuidava dela e ela se divertia. Este é o território em que a alma de uma menina deveria crescer; este era o jardim em que seu jovem coração deveria florescer. Toda menina deveria ser amada assim, acolhida assimvista, conhecida, apreciada. Deste lugar ela pode se transformar em uma mulher forte, formosa e confiante.”

Uma criança precisa crescer em um ambiente de amor, onde participe com os pais de tempo de qualidade, em que ela se sinta protegida e cuidada! 

E, para um melhor entendimento, quero falar breve com vocês, a respeito do livro "As Cinco Linguagens do Amor" (e este eu também indico a leitura): 

Este livro nos apresenta cinco linguagens que são necessárias se comunicar em um relacionamento, caso o nosso desejo seja de termos um relacionamento saudável. E, estas cinco linguagens são: TOQUE FÍSICO, PALAVRAS DE AFIRMAÇÃO, TEMPO DE QUALIDADE, ATOS DE SERVIÇOS E PRESENTES. Não vou me ater a descrever a respeito de cada item, mas, eu creio que não apenas no contexto que o livro aborda, casamento, que estas linguagens devem ser empregadas, mas creio que toda criança deve crescer recebendo amor por todos estes meios de comunicação. Sendo constantemente abraçadas, afirmadas, passando tempo de qualidade com elas, servindo-as e ensinando-as as servir, dando presentes (lembrancinhas) não apenas no dia de seu aniversário... Creio, que uma criança que cresce em um ambiente que os pais se interagem um com o outro dessa forma, e elas também são participantes dessa forma de demonstrar amor, irão crescer muito mais saudáveis e seguras. O problema que vemos, é que muitos pais querem que os filhos façam algo "certo", sem que estas crianças "os vejam fazendo". Ou seja, faça o que falo, mas não faça o que faço. Totalmente incoerente! 

“Jesus lhes deu esta resposta: "Eu lhes digo verdadeiramente que o Filho não pode fazer nada de si mesmo; só pode fazer o que vê o Pai fazer, porque o que o Pai faz o Filho também faz. Pois o Pai ama ao Filho e lhe mostra tudo o que faz.” João 5:19,20

O próprio Jesus, fez exatamente o que viu o Pai fazer, e o Pai mostrou a Jesus tudo o quanto Ele deveria fazer. Não que este versículo deva ser visto desta forma, mas, vejo aqui um exemplo - como os pais, ensinar as crianças o que deve ser feito; Quanto crianças, observarmos o que os pais fazem.  

MÃES, PAIS E SUAS FILHAS

"O modo como você se vê agora, foi moldado em seus primeiros anos de vida, nos anos em que você era uma menina".

"As mulheres aprendem com a MÃE o QUE SIGNIFICA SER UMA MULHER e com o PAI o VALOR QUE UMA MULHER TEM — o valor que elas têm como mulher".

MÃES 

3° parágrafo, Página 38: “De nossa mãe recebemos muitas, muitas coisas, porém as mais importantes entre elas são compaixão e ternura. Quando meus filhos eram pequenos e se machucavam, seu pai dizia algo estimulante como: "Não foi nada." Eu os apertava em meus braços e cuidava de suas feridas. Nossa mãe mostra-nos a face misericordiosa de Deus. Somos alimentadas em seus seios e embaladas em seus braços. Ela nos balança para dormir e canta canções de ninar para nós. Nossos primeiros anos são vividos junto aos cordões de seu avental, e ela cuida de nós em todos os sentidos da palavra. Quando nos machucamos, mamãe nos beija e faz com que as coisas fiquem melhores.”

FERIDAS DAS MÃES

Exemplo 01 – 1° parágrafo, página 41: “Minha mãe era uma mulher solitária e ocupada. Quando eu era pequena, tinha de fingir estar doente para conseguir um pouquinho de sua atenção. Lembro-me de estar sentada à mesa da cozinha, ainda menina, vendo-a preparar o jantar, quando ela me disse pela primeira vez — mas não pela última — como ficou desolada quando descobriu que estava grávida de mim. Eu era a última de quatro filhos, muito próximos em termos de idade, e ela chorou quando descobriu que eu, a filha de uma mãe arrasada e um pai ausente, estava a caminho. Você pode imaginar o efeito que isso tem no coração de uma menina”.

Exemplo 02 – 6° parágrafo, página 42: “A mãe de Melissa era uma mulher má que batia nos filhos com um pedaço de madeira. "Eu tinha um verdadeiro pavor de minha mãe", ela confessou. "Ela parecia psicótica e fazia jogos mentais maldosos. Na maioria das vezes realmente não sabíamos por que estávamos apanhando. Meu pai não fazia nada. O que eu sabia era que, a cada golpe, meu ódio por ela aumentava. Ela transformou minha irmã em uma frágil massa humana, e eu prometi que ela nunca faria isso comigo. Prometi que seria DURA, DIFÍCIL, COMO UMA PEDRA. E foi nisso que ela se TRANSFORMOU AO ENTRAR NA FASE ADULTA.”

As mensagens de nossas feridas e como elas nos moldaram - As promessas que fazemos quando crianças são muito compreensíveis — E MUITO, MUITO PREJUDICIAIS. ELAS FECHAM O NOSSO CORAÇÃO. Em essência, são acordos enraizados com as mensagens de nossas feridas, então nós mesmas nos damos uma sentença: “Ótimo! Se as coisas são assim, então é assim que será. Vou viver minha vida da seguinte maneira..." (7° parágrafo, pagina 42).

“A morte e a vida estão no poder da língua;” Provérbios 18:21 (Quais os tipos de promessas que você têm feito a você mesma?)

PAIS

Com o pai aprendemos que estamos encantadoras, que somos especiais... ou o contrário. O modo como um pai se relaciona com a filha tem um grande efeito na alma delaPARA O BEM OU PARA O MAL.

6° parágrafo, página 38: “(...) Muitos estudos mostraram que as mulheres que relatam ter um relacionamento próximo e carinhoso com o pai, que receberam segurança, alegria e aprovação dele durante a infância, sofrem menos de distúrbios alimentares ou depressão e "desenvolveram um forte senso de identidade pessoal e auto-estima positiva" (Margo Maine, Father hunger [Fome de pais]).

CORAÇÕES FERIDOS

PAIS ABUSIVOS

"Os pais abusivos são um horror extremamente comum. Cúmplices, as mães destruídas são uma realidade dolorosa. Ambos muitas vezes vêm de lares abusivos onde O CICLO DE DOR SE REPETE brutalmente e é passado para a próxima geração".

"O horror que os pais abusivos infligem às suas filhas FERE A ESSÊNCIA DA ALMA DELAS. Parte o coração delas, leva à vergonha, à dualidade de sentimentos e a uma série de estratégias defensivas que confinam nosso coração feminino".

Exemplo 01 – 1°parágrafo, página 39: “Minha amiga Sandy foi criada em uma casa com um pai abusivo e uma mãe fraca. Se seu pai batia na mãe, a mãe achava que devia ter feito algo para merecê-lo. Quando os golpes se transformavam em surras, Sandy se colocava entre o pai e a mãe. Tentava deter a crueldade do pai e proteger a mãe, levando ela mesma os golpes. E quando o pai começou a abusar sexualmente de Sandy e de sua irmã, a mãe não fez nada para protegê-las; ela simplesmente se afastou. O pai de Sandy começou a levar amigos bêbados para casa para que eles também pudessem abusar sexualmente de suas filhas. Por várias vezes, a mãe não fez nada. Em sua opinião, o que Sandy aprendeu sobre a masculinidade, sobre a feminilidade, sobre si mesma?”

AS MENSAGENS DE NOSSAS FERIDAS E COMO ELAS NOS MOLDARAM - O pai de Sandy abusou dela, e sua mãe se afastou. Isso imprimiu um grande mal em sua alma. Em tudo o que aprendeu, Sandy descobriu duas coisas básicas sobre a feminilidade: SER MULHER É SER IMPOTENTE; NÃO HÁ NADA BOM NA VULNERABILIDADE; É APENAS "FRAQUEZA". E SER FEMININA É ATRAIR PARA SI UMA INTIMIDADE INDESEJADA. O fato de ela não querer ser feminina surpreende você? Como tantas outras mulheres que sofreram abuso sexual, Sandy se vê em um terrível apuro por desejar intimidade (ela foi criada para isso), mas tendo medo de parecer pouco atraente para um homem. Ela se contenta com a "MULHER PROFISSIONAL COMPETENTE E EFICIENTE", AMÁVEL, PORÉM CAUTELOSA, NUNCA ATRAENTE DEMAIS E NUNCA, JAMAIS, EM NECESSIDADE, NUNCA "FRACA".

Algumas mulheres que sofreram abuso sexual escolhem outro caminho. Ou, talvez mais honestamente, se vêem compulsivamente seguindo em outra direção. Elas nunca receberam amor, mas experimentaram algum tipo de intimidade por meio do abuso sexual e, agora, se entregam a um homem atrás do outro, esperando, de algum modo, tornam aceitáveis os encontros sexuais ilegítimos com sexo que tenha um pouco de amor.  (4° e 5° parágrafo, pagina 42);

* Vulnerável é alguém que está sujeita a ser ferida, ofendida ou tocada. Vulnerável significa uma pessoa frágil. O termo é geralmente atribuído a mulheres, crianças e idosos, que possuem maior fragilidade perante outros grupos da sociedade. (fonte: https://www.significados.com.br/vulneravel/)

Exemplo 02 – 4° parágrafo, página 39: “Rachel tinha um pai que a agredia verbalmente. Suponho que ouvi tudo o que uma menina pode ouvir. 'Você é tão estúpida. Não vale nada. Eu gostaria que nunca tivéssemos tido você. Você me deixa doente'. Cresci acreditando ser repugnante para meu pai, e fiz tudo o que era possível para tentar fazê-lo gostar de mim."

“NÃO SE PODE ESTAR VIVA POR MUITO TEMPO SEM SER FERIDA. O sol se levanta, as estrelas seguem seu curso, as ondas quebram nas rochas e nós somos feridas. Não se pode evitar por muito tempo corações partidos neste mundo maravilhoso, mas perigoso, em que vivemos”.

PAIS AUSENTES

A dor que os pais ausentes infligem em suas filhas também é prejudicial, porém muito mais difícil de ver.

Exemplo 01 – Final do 1° e 2° parágrafo, página 40: “O pai de Lori estava presente fisicamente, mas ausente em todos os outros sentidos. Uma menina deseja ser encantada pelo pai, mas o pai de Lori não queria fazer nada com ela. Quando a escola de Lori realizava um jantar para pais e filhas, ela ficava desesperada para ir. Convidava o pai para ir; implorava que fosse, mas ele nunca aceitava. Lori presumiu que ele não queria participar porque tinha vergonha de ser visto com ela. Como muitas meninas, Lori fazia aulas de bale. Ela se sentia tão linda em seu collant e meia-calça cor-de-rosa que pedia ao pai que fizesse o favor de ir vê-la dançar. Ele respondia dizendo que quando ela estivesse em um palco de verdade, então ele iria vê-la. Como você talvez saiba, as aulas de dança se encerram com recitais e, assim, chegou o dia em que a pequena Lori dançaria em um palco de verdade. Linda em seu vestido cintilante, ela esperava com ansiedade ver o pai chegar. Ele nunca chegou. Mais tarde, naquela noite, os amigos de seu pai tiveram de carregá-lo até sua casa, uma vez que ele estava bêbado demais para andar sozinho. O coraçãozinho de menina de Lori acreditou que o pai fez todo o possível para não ter de vê-la dançar.”

Sugestões de filme: “O quarto de guerra” (No início do filme vemos que pai de Daniele era ausente) e “Lição de vida” (Aqui temos o Eli, uma criança cujo contexto era de pais abusivos e ausentes);

AS MENSAGENS DE NOSSAS FERIDAS E COMO ELAS NOS MOLDARAM - O pai de Lori não foi ao seu recital. Ele fez todo o possível para não ir. Essa foi a ferida. A mensagem foi de que ela não merecia o tempo do pai. Ela não merecia seu amor. Ela sentia que havia algo terrivelmente errado com ela.

Exemplo 02 – 3 parágrafo, página 40: “O pai de Debbie teve um caso quando ela era pequena. Ele não era um homem violento. Não havia nada abusivo nele. Na verdade, ele era bom para sua mãe, assim como era para Debbie e sua irmã. Eles compartilhavam as ceias de domingo, iam à igreja juntos. Mas ele havia escolhido outra mulher. "Acho que ela não foi suficiente para mantê-lo", Debbie disse acerca de sua mãe. Então, ela parou e disse: "Acho que nós não fomos suficientes para mantê-lo." CASOS AMOROSOS E DIVÓRCIOS AFETAM O PIOR MEDO DE UMA MULHER — O ABANDONO. Eles ferem, não somente as mães, mas também as filhas. A ferida, às vezes, é difícil de ser identificada porque a transgressão parece ser contra a esposa. Mas o que a menina aprende?”

AS MENSAGENS DE NOSSAS FERIDAS E COMO ELAS NOS MOLDARAM - O pai de Debbie teve um caso. O que ficou confuso foi que, em muitos sentidos, ele era um bom homem. A mensagem que se arraigou em seu coração de adolescente foi: É melhor que você faça mais do que ela, ou você não segurará seu homem. Depois disso, apareceu um jovem que ficou no pé de Debbie e, então, se foi sem nenhuma razão visível. Conhecemos essa bela jovem há alguns anos e há algo que nos deixou intrigados — por que ela está sempre se esforçando na vida? Por que ela está sempre tentando "melhorar"? Debbie está sempre procurando algo em que possa trabalhar. Oração, exercícios, responsabilidade financeira, uma nova cor de cabelo, mais disciplina. Por que ela está tentando com tanto afinco? Ela não sabe como é maravilhosa? O que faz de sua busca algo tão frustrante é que ela não sabe o que está errado com ela. Ela simplesmente tem medo de que, de algum modo, não seja suficiente. (segundo parágrafo, pagina 42)

Exemplo 04 – 5 ° parágrafo, página 40:  “O pai de Stasi (a autora) esteve ausente a maior parte de minha juventude. Ele foi um homem criado para ser forte e bom. Em sua época, a principal forma de um homem mostrar sua força era suprindo sua família. Mas, como muitos homens, meu pai trabalhava longas horas para suprir-nos financeiramente e, não obstante, nos privava do que mais precisávamos: dele. Meu pai era um vendedor ambulante. Ele ficava fora por duas semanas seguidas e depois ficava em casa no final de semana antes de partir novamente. Como era alcoólatra, ele muitas vezes parava no bar local ou na casa de um vizinho para encher a cara antes de chegar à nossa porta. Quando estava presente fisicamente, ele estava ausente emocionalmente, preferindo a companhia da televisão e de um copo de uísque à sua família. Ele não me conhecia. Acho que não queria me conhecer”.

AS MENSAGENS DE NOSSAS FERIDAS E COMO ELAS NOS MOLDARAM - Levei muitos anos para reconhecer as feridas e mensagens que moldaram minha vida. Foi uma jornada para eu crescer em termos de clareza, entendimento e cura. Comecei a perceber mais claramente qual foi a mensagem de minhas feridas. Minha mãe ficou arrasada com a possibilidade de ter outro filho — eu. A mensagem que ficou em meu coração foi que eu era uma opressão; que só minha presença era motivo de tristeza e dor. De um pai que não parecia querer me conhecer ou estar comigo, recebi esta mensagem: "Você não tem uma beleza que me cativa. Você é uma decepção." (página42) (...) “Minha função na família era ser invisível, não criar ondas. Se eu perturbasse as coisas, certamente este barco afundaria. Então, comecei a me esconder. Escondia minhas necessidades, meus desejos, meu coração. Escondia meu verdadeiro eu. E, quando as coisas eram demais, eu me escondia no armário.” (pagina 43)

“Avance 14 anos. Agora estou recém-casada, sou esposa de um homem forte e franco que não tem medo da confrontação, e até a aceita bem. Estávamos sentados à mesa da cozinha e, se a conversa ficava tensa, eu saía dali. Ele saía à minha procura: "Stasi, onde você está?". Onde eu estava? Eu estava escondida no armário. Literalmente. Eu tinha vergonha de meu comportamento imaturo, me sentia uma idiota com relação à minha aparente incapacidade de discutir uma opinião diferente de modo maduro. Mas nunca havia visto como se fazia isso, e não sabia como fazê-lo. A mais leve frustração de John por algo que eu havia feito disparava meu coração que ainda não estava curado. O amor e a confiança restabelecida de John levaram muitos, muitos meses para começar a penetrar meu coração assustado. Ainda me lembro da primeira vez em que estávamos no meio de uma "desavença" e pude ficar com ele na sala. (...)

No entanto, comecei a engordar do modo mais rápido que você imaginaria humanamente possível. INCONSCIENTEMENTE, EU HAVIA ENCONTRADO UMA NOVA MANEIRA DE ME ESCONDER. Desde o começo de meu casamento, eu tinha medo de que, no fundo de meu ser, eu fosse — e sempre seria — uma decepção para John; que era simplesmente uma questão de tempo para que ele percebesse isso. (A mensagem de minha ferida). A menina ferida dentro de mim achava que era melhor se esconder. E esconder-me, assim como você se esconde, fez com que as coisas ficassem muito, muito piores. John e eu tivemos muitos anos de dor. Como disse Jesus, a mulher que procura salvar a sua própria vida irá perdê-la (Mateus 16:25). As promessas e as coisas que fazemos como resultado de nossas feridas só pioram as coisas.”

LEIAM  no livro mais a respeito da autora, do que ela descreve sobre si mesmo, do contexto em que foi criada, o porque ela se escondia no armário, porque tentou suicídio, o tempo aqui é curto. E para quem não leu, leia (pagina 43). E, se possível, quem não leu o capítulo leia ele inteiro, ou melhor, leia o livro!

AS MENSAGENS DE NOSSAS FERIDAS E COMO ELAS NOS MOLDARAM

As histórias dessas mulheres e as feridas que receberam quando eram meninas são completamente diferentes, mas os efeitos de suas feridas e os efeitos das nossas são dolorosamente semelhantes. OS SENTIMENTOS DE INCERTEZA E FALTA DE VALOR QUE ESSAS HISTÓRIAS GERAM SÃO REAIS. Como foi sua infância? Que lições você aprendeu quando era menina? O que seus pais queriam de você? Você soube agradar? Você sabia, na essência de seu ser, que era amada, especial, digna de ser protegida e desejada?

UMA ALIANÇA PROFANA

Ao longo dos anos vemos que a única coisa mais trágica do que as coisas que nos aconteceram é o que fizemos com elas.
Palavras foram ditas, palavras dolorosas. Coisas foram feitas, coisas terríveis. E elas nos moldam. Algo dentro de nós mudou. Aceitamos as mensagens de nossas feridas. Aceitamos uma versão distorcida de nós mesmas. E, a partir disso, escolhemos uma maneira de nos relacionarmos com nosso mundo. Fizemos uma promessa de nunca mais estarmos naquele lugar novamente. Adotamos estratégias para nos proteger de sermos machucadas novamente. Uma mulher que vive com um coração ferido e despedaçado é uma mulher que vive uma vida de autoproteção.Talvez ela não tenha consciência disso, mas é verdade. E a nossa maneira de tentar "nos salvar".
Também desenvolvemos maneiras para tentar obter um pouco do amor pelo qual nosso coração gritava. A dor está ali. Nossa necessidade desesperada de amor e afirmação, nossa sede de provarmos o romance, a aventura e a beleza estão ali. Por isso nos voltamos para os meninos, para a comida ou para os livros de romance; nós nos perdemos em nosso trabalho, na igreja ou em algum tipo de serviço. Tudo isso contribui para a mulher que somos hoje. Muito do que chamamos de nossa "personalidade" é, na verdade, o mosaico de nossas escolhas por autoproteção somado ao nosso plano de receber um pouco do amor para o qual fomos criadas.
O problema é que nosso plano não tem nada a ver com Deus.
As feridas que recebemos e as mensagens que elas trouxeram formaram um tipo de aliança profana com nossa natureza caída como mulheres. De Eva recebemos uma profunda desconfiança no coração de Deus para conosco. É claro que ele está escondendo algo de nós. Simplesmente teremos de dar um jeito para termos a vida que queremos. Controlaremos nosso mundo. Mas há também uma dor lá no íntimo, uma dor que pede intimidade e vida. Teremos de encontrar uma maneira para preenchê-la. Uma maneira que não exija que confiemos em alguém, principalmente em Deus. Uma maneira que não exija vulnerabilidade.
De certo modo, esta é a história de toda menina, aqui neste mundo, ao leste do Éden.
Mas as feridas não param quando somos adultas. Algumas das feridas mais mutiladoras e destrutivas que recebemos chegam em nossa vida muito mais tarde. As feridas que recebemos durante a nossa vida não vieram isoladas. Existe, na verdade, um tema para elas, um padrão.

1° parágrafo, página 40: “Olhe bem no fundo dos olhos de alguém e por trás do sorriso ou do medo, e você encontrará dor. E a maioria das pessoas sente mais dor do que imagina. A tristeza não é algo estranho para qualquer uma de nós, embora somente algumas tenham descoberto que ela também não é nossa inimiga. Uma vez que somos as amadas de Deus, o Rei dos reis, o próprio Jesus, que veio para curar os de coração partido e libertar os cativos, podemos olhar para trás. Podemos segurar sua mão divina e lembrar. Devemos lembrar se não quisermos continuar prisioneiras das feridas e das mensagens que recebíamos enquanto crescíamos”.

09-09-16

Priscila Lima 

O Homem do céu, Irmão Yun







Recentemente terminei de ler o livro "O homem do céu" (Irmão Yun com Paul Hattaway).Eu recomendo muito a leitura deste livro. Hoje, em específico, quero compartilhar um trecho do livro que localiza-se no capítulo 26 (praticamente no final do livro).








"O Senhor pode conduzir a vida de um crente de muitas
maneiras, mas estou convicto de que o caminho de todos incluirá, mais cedo ou mais tarde, o sofrimento. Deus nos manda as provações para nos manter humildes e dependentes dele para o nosso sustento.
Em 1 Pedro 4.1, a Bíblia afirma: "Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo pensamento; pois aquele que sofreu na carne deixou o pecado". Creio que, quando a dor e o sofrimento crescem, o pecado diminui. Claro que ainda não alcancei o ponto de resolver o problema do pecado para sempre. Continuo reclamando com Deus quando sofro.
O amadurecimento do cristão depende em larga escala de sua atitude quando se defronta com o sofrimento. Alguns tentam evitá-lo ou fingir que ele não existe, mas isso só piora a situação. Outros tentam permanecer inflexíveis até que chegue o alívio. Isso é melhor, mas ainda não é a vitória completa que Deus deseja dar a cada um de seus filhos.
O Senhor quer que aceitemos o sofrimento como um amigo. Precisamos da compreensão profunda de que a perseguição por amarmos Jesus é um ato de bênção de Deus sobre nós. Isso parece impossível de aceitar, mas conseguimos, com a ajuda de Deus. Foi por isso que Jesus falou: "Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus" (Mt 5.11,12).
Podemos crescer até chegar a uma situação de rirmos e nos regozijarmos quando alguém nos calunia, porque sabemos que não somos deste mundo e que nossa segurança está no céu. Quanto mais formos perseguidos por amarmos a Deus, maior será nossa recompensa no céu.
Quando alguém nos difama, devemos nos regozijar e exultar. Quando alguém nos amaldiçoa, devemos retribuir com uma bênção. Quando enfrentarmos uma experiência dolorosa, devemos aceitá-la e, assim, seremos livres!
O mundo não pode atingir quem aprende essas lições.
Deus é minha testemunha de que, em todas as torturas e surras que recebi, nunca odiei meus perseguidores. Nunca. Eu os considerava instrumentos da bênção de Deus e vasos escolhidos por ele para me purificar e me tornar mais semelhante a Jesus.
Algumas vezes, visitantes ocidentais que vão à China perguntam aos líderes das igrejas domésticas em que seminário eles estudaram. Respondemos, brincando, mas com um fundo de seriedade, que fomos treinados no Seminário Devoção Pessoal do Espírito Santo (prisão) durante vários anos.
Ocasionalmente nossos amigos ocidentais não entendem e perguntam:
- Que material didático vocês usam no seminário? Respondemos:
- Só as correntes que prendem nossos pés e os chicotes que marcam nossa pele.
No seminário das prisões aprendemos muitas lições valiosas sobre o Senhor que nunca teríamos aprendido em livros. Ficamos conhecendo a Deus de forma mais profunda. Conhecemos a bondade e a fidelidade dele e seu amor por nós.
Os cristãos presos por amor a Jesus não são os únicos que sofrem. Muitos que ouvem meu testemunho comentam:
- Você deve ter sofrido demais quando estava preso. E eu respondo:
- Nada disso. Eu estava com Jesus e sentia alegria e paz tremendas na comunhão íntima com ele.
Os que sofrem realmente são os que nunca desfrutaram da presença de Deus. O caminho para estar com ele é seguir através de privações e sofrimentos - o caminho da cruz. Nem todos serão espancados e presos pela fé, mas estou convicto de que cada cristão tem uma cruz a carregar em sua vida. No Ocidente pode ser zombaria, calúnia ou rejeição. Quando confrontados com a provação, o segredo não é fugir nem combater, mas sim aceitá-la como amiga. Com isso, sem dúvida, a pessoa experimenta a presença e o socorro do Senhor.
Um filho de Deus que sofre precisa entender que o Senhor permitiu que isso acontecesse. Ele não se esqueceu do sofredor! O diabo não consegue arrancar ninguém das mãos do Pai. Jesus fez uma promessa maravilhosa a seus filhos: "As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar" (Jo 10.27-29).
Na primeira vez que fui preso eu questionei e perguntei a Deus por que ele havia permitido que aquilo acontecesse. Aos poucos fui entendendo que ele tinha um propósito mais elevado para mim do que apenas trabalhar para ele. Queria me conhecer, desejava que eu o conhecesse profunda e intimamente. Ele sabia que o melhor jeito de chamar minha atenção era me colocar atrás das grades.
Às vezes fico sabendo da prisão de um cristão das igrejas domésticas. Quando isso acontece, eu digo às pessoas para só orarem pedindo a libertação se Deus revelar com clareza que é isso que ele deseja.
E essencial que o pintinho fique 21 dias aquecido na proteção do ovo antes de sair da casca. Se alguém o tirar um dia antes, ele morrerá. De modo semelhante, os patinhos precisam de 28 dias de confinamento. Se alguém quebrar a casca do ovo no 27º dia, o patinho morrerá.
Há sempre um propósito quando Deus permite que um filho dele seja preso. Às vezes é testemunhar para os demais prisioneiros, em outras é para Deus desenvolver um aspecto do seu caráter. Mas, se usarmos nossas próprias forças para tirá-lo da prisão antes do momento que Deus escolheu, podemos frustrar os planos dele e o crente talvez não esteja totalmente formado, como Deus quer que ele viva.
Muitas vezes me questionam sobre os direitos dos pastores na China. Eles possuem tantos direitos quanto os escravos! Todos neste mundo são escravos, do pecado ou de Cristo. Nossos "direitos" estão nas mãos de Jesus. Precisamos cair de joelhos em dependência completa dele.
Os cristãos chineses apreciam os esforços dos crentes de todo o mundo para ajudar os que são presos ou perseguidos. Contudo toda tentativa de ajudar deve ser coberta por oração e enraizada na vontade de Deus; se não, o único resultado será a piora da situação.
O mundo não tem poder para causar nenhum dano ao cristão que não teme o ser humano."


Este livro impactou minha vida! Fantástico ver a fidelidade de Deus em meio ao Sofrimento! Fantástico ver a dependência do Irmão Yun ao Senhor! Essa é continuação de Atos do Apóstolo, atos de uma fé radical, firme, de alguém que crê de todo o coração, alma e força em Deus. Que o Senhor me ensine a ser mais dependente dele, mais grata a Ele e fiel. 

09-09-16
Priscila Lima 

Os doze espias

"Números, cap. 13 Versos 25 a 33 - Ao fim de quarenta dias, eles voltaram de sondar a terra. Ao chegarem, apresentaram-se a Moisés e ...