sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Salmos 77:4

"Conservas vigilantes os meus olhos; estou tão perturbado que não posso falar". (Salmos 77: 4)

Tens conservado insones meus olhos. Este versículo tem com o anterior o mesmo propósito. O salmista afirma que passava todas as noites em vigília, porquanto Deus não lhe concedia alívio. As noites, nos tempos antigos, geralmente eram divididas em várias vigílias; e, conseqüentemente, ele descreve a contínua tristeza que o impedia de dormir, usando o termo metafórico vigílias. Ao declarar um pouco antes que orou a Deus em voz audível, e ao afirmar agora que permanecerá em silêncio, pode parecer existir aqui alguma discrepância. Essa dificuldade já foi resolvida em nossa exposição do Salmo 32.3, no qual demonstramos que os verdadeiros crentes, quando se sentem esmagados pela tristeza, não continuam em estado de invariável desconforto, mas às vezes dão vazão aos suspiros e queixas, enquanto que, em outras ocasiões, ficam em silêncio como se suas bocas estivessem amordaçadas. Portanto, não surpreende encontrar aqui o profeta confessando francamente que se sentia esmagado e, por assim dizer, chocado com as calamidades, ao ponto de sentir-se impossibilitado de abrir sua boca para pronunciar sequer uma única palavra.

Alguns dos comentaristas judeus interpretam esta cláusula assim: “Tu manténs os supercílios de meus olhos.” Os supercílios que protegem os olhos foram mantidos, de modo que ele não podia fechá-los e poder dormir. O sono para uma pessoa em angústia tem o efeito de interromper seu sofrimento por algum tempo e do enfraquecimento refrigerando o corpo. Portanto, em tais circunstâncias ele é uma grande bênção e, por isso, é avidamente desejado. Mas ter esse sono negado, e para o sofredor ter de enfrentar a insônia e noites intermináveis de fadiga é um profundo agravo de seu estresse.

João Calvino, O livro dos Salmos, volume 3.

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