segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Cristo, um exemplo a seguir.

Ninguém tem maior AMOR do que este, de DAR (doar) alguém a sua vida pelos SEUS AMIGOS. Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer. Não me escolhestes vós a mim, MAS EU VOS ESCOLHI A VÓS, e vos nomeei, para que vades e DEIS FRUTO, e o vosso FRUTO PERMANEÇA; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda. Isto vos manda: Que vos AMEIS UNS AOS OUTROS. João 15:13-17

Ninguém tem maior AMOR do que este, de DAR (doar) alguém a sua vida pelos SEUS AMIGOS.

Jesus entregou a sua vida por amor (João 3:16), e como resultado dessa entrega, nós fomos salvos – mediante a Cruz de Cristo. Portanto, Cristo é nosso referencial de entrega e de amor. Nós, como filhos de Deus, também recebemos essa missão: doar mais de nós aos outros. Que o nosso coração desperte para esse tipo de amor: Um amor que não é egoísta, que não visa seu interesse próprio, o amor que tudo suporta, tudo espera, o amor que não desiste, mas que confia (1 Co 13).


Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.

A vontade de Deus é sempre boa, perfeita e agradável. Tudo quanto Jesus nos pede ou qualquer um de seus mandamentos é visando o bem e não o mal do homem. A lei é um meio que Deus criou para proteger o homem. Éramos escravos do pecado mas agora somos livres por meio de Cristo, andar de acordo com os mandamentos do Senhor significa viver uma vida em liberdade.

Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.

Creio que quando Deus nos chama de amigo e não mais servo, ele nos fala do nível de relacionamento que Ele deseja ter conosco. Um chefe normalmente não vai compartilhar da sua vida pessoal com o funcionário, mas um amigo sempre que possível compartilha conosco a respeito da sua vida pessoal. 

Temos em Cristo um exemplo de amizade sólida. Cristo teve um relacionamento transparente tanto com o Pai quanto com o seus amigos. E, este é o modelo que nós temos que seguir.

Não me escolhestes vós a mim, MAS EU VOS ESCOLHI A VÓS, e vos nomeei, para que vades e DEIS FRUTO, e o vosso FRUTO PERMANEÇA; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.

Em seguida Jesus fala que não fomos nós que O escolhemos, pelo contrário, Ele olhou para nós primeiro, Ele nos escolheu primeiro. E como uma árvore frutífera, é assim que nós devemos ser. Precisamos dar fruto. E este fruto também precisa permanecer, em uma outra passagem, em um outro contexto, Jesus fala que pelo seu fruto o conhecereis. Ou seja, um falso profeta (e um falso cristão) é conhecido pelo fruto que produz. Pode acaso uma figueira produzir azeitonas? Não! 

O fruto do espírito, descrito nas cartas aos gálatas é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. E conclui que se pedirmos algo em nome de Cristo, uma vez que permanecemos em Cristo, nós recebemos do Pai.

Isto vos manda: Que vos AMEIS UNS AOS OUTROS. João 15:13-17
John Mcalister, certa vez pregou sobre "Comunhão de uma igreja saudável", e ele apresentou alguns tópicos sobre o que seria amar uns aos outros:

  • Vivam em paz uns com os outros (I Ts 5:13).
  • Estejam ligados uns aos outros (Rm 12:5).
  • Dediquem-se uns aos outros (Rm 12:10).
  • Honrem uns aos outros (Rm 12:10).
  • Alegrem-se com os que se alegram. Chorem com os que choram (Rm 12:15).
  • Tenham uma mesma atitude uns com os outros (Rm 12:16).
  • Aceitem-se uns aos outros (Rm 15:7).
  • Aconselhem-se uns aos outros (Rm 15:14).
  • Saúdem uns aos outros (2 Co 13:12).
  • Concordem uns com os outros (1 Co 1:10) .
  • Esperem uns pelos outros (1 Co 11:33).
  • Tenham igual cuidado uns pelos outros (1 Co 12:25).
  • Sirvam uns aos outros (Gl 5:13).
  • Levem os fardos pesados uns dos outros (Gl 6:2).
  • Sejam bondosos e compassivos uns com os outros (Ef 4:32).
  • Perdoem-se mutuamente (Cl 3:13).
  • Sujeitem-se uns aos outros por temor a Cristo (Ef. 5:21).
  • Suportem-se uns aos outros (Cl 3:13).
  • Ensinem e aconselhem-se uns aos outros Cl 3:16).
  • Exortem-se e edifiquem-se uns aos outros (1 Ts 5:11).
  • Consideremos uns aos outros para nos incentivarmos ao amor e ás boas obras (Hb 10:24).
  • Sejam mutuamente hospitaleiros (1 Pe 4:9).
  • Cada um exerça o dom que recebeu para servir aos outros (1 Pe 4:10).
  • Sejam todos humildes uns para com os outros (Ef 4:2).
  • Confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros (Tg 5:16).

Porque qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas, qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará. Marcos 8:35 
Aquele que ama a cristo é capaz de "perder a sua vida". O amor é capaz de fazer isso, é uma chama que arde dentro de nós, é uma paixão que nos faz abrir mão do que for para estar com Cristo, amar Cristo, querer conhecer Cristo, desejar Cristo. É um amor que faz nosso coração queimar pela causa que faz o coração de Cristo queimar também! Somente o amor é capaz de abrir mão daquilo que nossa carne deseja, daquilo que é terreno: "Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti, que os que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus". (Gálatas 5:19-21)

O amor de Cristo nos leva a amar o outro e a doar pelo outro. O amor de Cristo transforma a nossa realidade, a nossa visão a respeito do outro. Não creio que seja algo mecânico apenas, forçado, mas é algo que á medida que nós buscamos em Cristo e pedimos, Ele molda o nosso coração e a nossa realidade.


No entanto, é preciso buscar de Deus discernimento - 2 Timóteo 3:5; 1 Coríntios 5:2,9-11 e Mateus 18:15-17 - para saber em que nós devemos de fato investir o nosso tempo, a nossa vida.  


Priscila G. 
(Palavra compartilhada na reunião do Lar no dia 23-12-16)

Salmos 77:19-20

A tua vereda atravessou o mar, e o teu Caminho, pelas águas poderosas. Guiaste o teu povo como a um rebanho pela mão de Moisés e de Arão. (Salmos 77: 19-20)
O milagre que foi operado fazendo o Mar Vermelho secar-se é aqui novamente descrito em fraseologia diferente. O que, propriamente falando, se refere aos israelitas se aplica a Deus, sob cuja proteção e diretriz passaram em seco pelo meio do Mar Vermelho. Declara-se que uma vereda lhes foi aberta de uma maneira estranha e inusitada; pois o mar não foi drenado pela habilidade humana, tampouco se abriu o rio Jordão em duas partes, deixando seu curso normal para formar um canal diferente, porém o povo passou pelo meio das águas nas quais Faraó e todo seu exército foram em seguida tragados. Neste relato diz-se que os passos de Deus não eram conhecidos, porque imediatamente após haver Deus feito o povo passar, ele fez com que as águas voltassem a seu curso costumeiro. O propósito para o qual isso foi efetuado é adicionado no versículo 20 - o livramento da Igreja: Tu guiaste teu povo como a um rebanho. E este livramento deve ser considerado por todos os santos como a oferecer-lhes uma melhor disposição para que nutram a esperança de segurança e salvação. A comparação do povo com ovelhas tacitamente sugere que em si mesmos estavam inteiramente destituídos de sabedoria, poder e coragem, e que Deus, em sua grande bondade, se condescendeu em exercer o ofício de pastor  guiando o povo pelo meio do mar e pelo deserto, bem como no meio de todos os demais impedimentos, seu pobre rebanho, o qual era destituído de todas as coisas, para que tomassem posse da herança prometida. Esta afirmação é confirmada quando se nos diz que Moisés e Arão eram pessoas empregadas em conduzir o povo. Seu serviço era sem dúvida nobre e digno de ser lembrado; Deus, porém, exibiu não pequeno grau da grandeza de seu poder quando contrasta dois indivíduos obscuros e menosprezados com a fúria e o grande e poderoso exército do mais soberbo dos reis que já se sentaram em trono. O que poderia a vara de um fora-da-lei e proscrito, e a voz de um escravo, fazer deles, contra um formidável tirano e  uma nação guerreira? O poder de Deus, pois, se fez ainda mais manifesto quando operou através de tais vasos de barro. Ao mesmo tempo, não nego que aqui se pretenda enaltecer esses servos de Deus, em quem depositara uma confiança tão honrosa.

Livro: Salmos Vol. 3, João Calvino. 

Salmos 77:17-18

As nuvens desfizeram-se em água; os céus retumbaram; as tuas flechas também correram de uma para outra parte. A voz do teu trovão estava no redemoinho; os relâmpagos alumiaram o mundo; a terra se abalou e tremeu (Salmos 77. 17-18)
As nuvens derramaram águas. Como o substantivo, mayim, não pode ser tomado no genitivo, o verbo, não tenho dúvida, é expresso em caráter transitivo; porém faz pouca diferença quan to ao sentido se assumirmos este ponto de vista, ou lermos como se, mayim, estivesse no genitivo e o verbo fosse passivo; ou, seja, se lermos: As nuvens derramaram águas, ou: As águas das nuvens foram derramadas. O significado obviamente é que não só o mar e o rio Jordão, mas também as águas que estavam suspensas nas nuvens, renderam a Deus a honra que é sua por direito, o ar, pela concussão do trovão, tendo derramado copiosos aguaceiros. O objetivo é mostrar que, para qualquer ponto que os homens volvam seus olhos, a glória de Deus se manifesta de forma eminente, que é esse o caso em toda parte da criação, em cima e embaixo, desde as alturas celestiais até aos abismos mais profundos dos mares. A que história se refere aqui é algo que se acha envolto em algum grau de incerteza.Talvez seja aquela que se acha registrada em Êxodo 9.23; sobre o quê somos informados que raios misturados com trovões e relâmpagos foram uma das medonhas pragas infligidas sobre os egípcios. As flechas que sibilavam por toda parte são, sem dúvida, uma forma metafórica para relâmpagos. Com este versículo devemos conectar o seguinte: a voz do trovão foi ouvida no ar, e a dos relâmpagos iluminou o mundo, de modo que a terra tremeu. Equivale a isto: na saída do povo do Egito, deu-se amplo testemunho do poder de Deus, tanto aos olhos quanto aos ouvidos dos homens; estrépitos de trovão eram ouvidos em todos os recantos dos céus e todo o firmamento brilhava com os raios dos relâmpagos, enquanto ao mesmo tempo a terra se estremecia toda.

João Calvino, O livro dos Salmos, volume 3.

19/12/16

Salmos 77:16

As águas te viram, ó Deus, as águas te viram, e tremeram; os abismos também se abalaram (Salmos 77. 16).
As águas te viram, ó Deus! Alguns dos milagres nos quais Deus exibira o poder de seu braço são aqui brevemente reportados. Quando se diz que as águas viram a Deus, a linguagem é figurada, significando que foram removidas, por assim dizer, por um instinto e impulso secretos em obediência à ordem divina na abertura de uma passagem para o povo eleito. Nem o mar nem o Jordão teria alterado sua natureza, ao se abrirem, dando-lhes espontaneamente uma passagem, não tivessem ambos sentido sobre eles o poder de Deus. Não significa que recuassem em função de algum juízo e raciocínio que porventura possuíssem, mas que, ao recuarem como fizeram, Deus mostrava que mesmo os elementos inanimados estão prontos a prestar-lhe obediência. Há aqui um contraste indireto com a intenção de repreender a estupidez dos homens caso não reconheçam na redenção dos israelitas do Egito a presença da mão de Deus, a qual foi vista até mesmo pelas águas. O que se acrescenta acerca dos abismos sugere que não só a superfície das águas foram agitadas na presença de Deus, mas que seu poder penetrou até mesmo os abismos mais profundos

“As águas do Mar Vermelho” , diz Home, “são aqui lindamente representadas como que dotadas de sensibilidade; elas vêem, sentem e são confundidas, mesmo os abismos mais profundos, na presença e poder de seu grande Criador, quando lhes ordenou que abrissem um caminho e formassem um muro de cada lado, até que seu povo passasse. Isto, de fato, é verdadeira poesia; e nessa atribuição de vida, espírito, emoção, ação e sofrimento a objetos inanimados, não existe poeta que possa rivalizar-se com os da nação hebraica.” - Mant.


João Calvino, O livro dos Salmos, volume 3.

19/12/16

domingo, 20 de novembro de 2016

Salmos 77:15

Com teu braço redimiste teu povo, os filhos de Jacó e de José. (Salmos 77. 15)
Com teu braço redimiste teu povo. Aqui, o salmista celebra, acima de todas as maravilhosas obras de Deus, a redenção do povo eleito, para a qual o Espírito Santo, ao longo de todas as Escrituras, chama a atenção dos verdadeiros crentes, a fim de encorajá-los a nutrirem a esperança de sua salvação. É bem notório que o poder de Deus naquele tempo se manifestava entre os gentios. A verdade histórica, aliás, através dos artifícios de Satanás, foi corrompida e falsificada por muitas fábulas; porém isso deve ser imputado à perversidade daqueles à cuja vista as maravilhosas obras foram operadas; e embora as vissem, escolheram antes cegar seus olhos e suprimir a veracidade de sua existência do que preservar o verdadeiro conhecimento delas. Como é possível explicar o fato de que fizeram Moisés ser não sei que tipo de mágico ou encantador, e inventaram tantas histórias estranhas e monstruosas, as quais Josefo colecionou em sua obra contra Apião, mas que no princípio era seu propósito deliberado sepultar no esquecimento o poder de Deus? Entretanto, o desígnio do profeta não é tanto condenar nos gentios o pecado da ingratidão, como fornecer a eles e a outros dentre os filhos de Deus motivo de esperança quanto a suas próprias circunstâncias; pois no tempo referido Deus exibiu publicamente, para o benefício de todas as eras futuras, uma prova de seu amor para com seu povo eleito. A palavra braço é aqui expressa metaforicamente em lugar do poder de um caráter extraordinário, o que é digno de ser lembrado. Deus não libertou seu antigo povo secretamente e de uma forma ordinária, mas publicamente e, por assim dizer, com seu braço estendido. O profeta, ao chamar as tribos escolhidas de os filhos de Jacó e de José, realça a razão por que Deus os considerou como seu povo. A razão tem por base o pacto que ele fizera com seus piedosos ancestrais. As duas tribos que descenderam dos dois filhos de José derivaram sua origem de Jacó, da mesma forma como as demais [tribos]; porém o nome de José é expresso com o intuito de honrá-lo, por cuja instrumentalidade toda a raça de Abraão foi preservada em segurança.

João Calvino, O livro dos Salmos, volume 3.
20/11/16

Salmos 77:14

Tu és o Deus que fazes maravilhas; tu tens feito notória a tua força entre os povos. (Salmos 77. 14)

Tu és o Deus que faz maravilhas. O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso pobre entendimento os apreenda. Literalmente, as palavras são: Tu és o Deus que faz uma maravilha. Mas o singular aqui evidentemente é usado em lugar do plural, exemplo esse que já vimos antes. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. Por essa razão, ele acrescentou: Tu tens feito conhecida tua força entre os povos. Esta é uma referência imediata ao livramento da Igreja; mas, ao mesmo tempo, mostra que a glória de Deus, que tão clara e poderosamente se exibira entre as nações, não pode ser desprezada sem que se incorra na culpa de imperdoável impiedade.

João Calvino, O livro dos Salmos, volume 3.
20/11/16

“Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis;” (Romanos 1:20)

A IGREJA, A BÍBLIA E O MUNDO

CONVIDO VOCÊ A ANALISAR comigo a identidade bíblica da igreja de Jesus Cristo e, com isso,
questionar nosso modo de viver.

A Igreja é a comunhão daqueles que se arrependem e confiam no perdão e no amor do Deus Salvador. Daqueles que recebem a Palavra que afirma que Deus Pai conferiu ao Filho, Jesus Cristo, a honra, a força, o poder, o domínio e a glória. A igreja é portadora dessa mensagem que estabelece Jesus Cristo como Senhor, diante de quem todo joelho se dobrará. Para revelar esse senhorio aos homens, ela precisa viver segundo o coração de Deus, submetendo-se a ele, e seus membros, uns aos outros. SERÁ QUE QUANDO O MUNDO OLHA PARA NÓS VÊ UM SINAL DO SENHORIO DE CRISTO ENTRE OS HOMENS?

A Igreja é o Corpo de Cristo, a presença de Cristo na terra. No Advento, ele chega para viver entre nós; e no Pentecostes, para viver em nós. Um presença santa e divina se mistura á humanidade pecadora. Como se estivesse em seu templo, o Senhor da glória habita em nós. Somos convidados a caminhar com ele, estendendo nossas mãos aos famintos, sedentos, encarcerados, doentes e enlutados. SERÁ QUE QUANDO O MUNDO OLHA PARA NÓS VÊ UM SINAL DA PRESENÇA DE DEUS NESTE PLANETA?

A Igreja do Senhor é portadora da mensagem de Deus, que amou o mundo de tal maneira que veio pessoalmente nos acolher, abraçar. É a comunidade de amor que tem um só coração e uma só alma, que espelha no mundo o mistério da diversidade e da unidade da Trindade. Assim, não somente pela qualidade de nossos relacionamentos entre nós, mas também pela capacidade de amar os inimigos, seremos conhecidos como discípulos de Cristo. SERÁ QUE QUANDO O MUNDO OLHA PARA NÓS VÊ UM SINAL DO AMOR DE DEUS POR TODOS OS SERES HUMANOS? 

A Igreja de Cristo é uma família na qual irmãos e irmãs vivem em sujeição e obediência ao Pai celestial. Uma família que tem apenas um Senhor e Chefe, Jesus Cristo, por isso ninguém procura dominar ou controlar o outro; pelo contrário, cada um humildemente considera o outro superior. A Igreja é uma família de famílias. Cada um abriu mão do amor ao poder para se entregar ao poder do amor; para servir, em vez de controlar. SERÁ QUE QUANDO O MUNDO OLHA PARA NÓS VÊ UM SINAL DE HUMILDADE E SOLIDARIEDADE? 

Nesta Igreja não há mais escravo ou homem livre, judeu ou gentio, homem ou mulher porque todos são um em Cristo. SERÁ QUE QUANDO O MUNDO OLHA PARA NÓS VÊ UMA COMUNIDADE INCLUSIVA, LIVRE DE PRECONCEITOS E DISCRIMINAÇÕES?

Igreja é santa, mas composta de membros pecadores. Santa á medida que se reconhece pecadora. Salva, a partir do momento que se considera perdida, pois o Filho do Homem não veio salvar o justo, mas o pecador; não veio para o são, mas para o doente. Igreja que ora é noiva, ora é prostituta. Ela se prostitui ao fazer aliança com o dinheiro, o poder, o orgulho, e quando explora a boa fé do povo. 
Porém, é noiva - ou virgem pura, como disse Paulo - pela ternura de Cristo por intermédio da presença santificadora do Espírito Santo. Somente uma Igreja que se reconhece pecadora e se quebranta diante de Deus pode ser resgatada e restaurada por ele. SERÁ QUE QUANDO O MUNDO NOS OLHA PARA NÓS VÊ SINAIS DE QUEBRANTAMENTO E SANTIFICAÇÃO?

As escrituras são o espelho diante do qual a Igreja deve ver seu rosto verdadeiro. A cada encontro em que abrimos a Palavra, a cada estudo bíblico, a cada pregação, Deus estende esse espelho e nos pergunta SE SOMOS SINAL DO DIVINO NESTE MUNDO CAÓTICO. Um sinal do Senhorio de Cristo, da presença de Deus, do amor da trindade, um sinal de humildade e solidariedade, de santidade, um sinal de quebrantamento.

A Igreja, ao longo da história, guardou viva sua relação com a Palavra. Ela sempre foi bíblica - esta é sua graça. No entanto, nem sempre foi bíblica - esta é sua falta. Porém, deve ser a cada dia mais bíblica - este é seu desafio. Cada vez que abrimos as escrituras, e nosso coração a elas a presença do Espírito, a Igreja tem a chance de se tornar mais bíblica, mais conformada á imagem daquele que nos criou e salvou. QUE O MUNDO POSSA VER NOSSAS OBRAS E GLORIFICAR A DEUS, QUE ESTÁ NO CÉU.

Texto retirado do livro Meditatio, do autor Osmar Ludovico. Pág. 136-139 
Cap. A Igreja, a Bíblia e o Mundo. Editora: Mundo Cristão
Livro Fantástico!

Priscila G. 



segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Festa de Casamento

Um casamento não é mera formalidade social. Ele tem um significado bem mais profundo. Primeiro, porque duas pessoas querem fazer votos, promessas e assumir compromissos um com o outro diante de Deus, dos pais, parentes e amigos. Segundo, porque eles também desejam receber a bênção de Deus sobre sua união. Trata-se de um momento de alegria, de encontro, de comida, bebida, bolo, danças. Surgem, então, emoções do fundo da alma, emoções muitas vezes reprimidas pelas agruras do cotidiano.

Não há lugar melhor no mundo de se estar do que numa festa de casamento. Há uma memória inconsciente escondida no fundo da alma que se projeta para uma cena primordial na origem da vida humana. Naquele dia – o sexto, segundo o relato da criação –, Deus fez adormecer o homem e, diante de uma natureza silenciosa e reverente, criou a mulher. Despertado do sono, Adão declama o primeiro cântico da história humana: “Esta sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada mulher, porque do homem foi tirada” (Gn 2:23). E caminharam juntos pelo jardim, uniram-se e se tornaram uma só carne.

Numa festa de casamento, nossa memória genética faz contato com essa idade da inocência no Jardim do Éden. Somos tomados por uma misteriosa, intensa e contagiante alegria. A esperança é renovada. Alguns se emocionam e choram. Olhamos para os noivos e nos esquecemos das dificuldades do cotidiano. Acreditamos que o amor é possível, que pode extrair o que há de melhor em nós. É a esperança de ser acolhido, de pertencer, de ser reconhecido. Apesar das mazelas do mundo, nós nos sentimos melhores e, tal como os noivos, acreditamos que a humanidade também pode melhorar.

É também numa festa de casamento que sentimos de modo especial e profundo a presença de Deus e a presença do homem.


• O divino e o humano.
• O sagrado e o profano.
• O eterno e o efêmero.
• O amor absoluto e o amor humano.
• O perfeito e o imperfeito.

Essa presença divina está presente na primeira união, no jardim do Éden; nas bodas de Caná; no diálogo de Cântico dos Cânticos, entre Salomão e a Sulamita. O amor divino é a fonte e a origem de todos os amore humanos. Assim, a alegria, a esperança e a crença no amor não estão relacionadas somente á festa, mas a essa outra presença: a presença do divino, do sagrado, do eterno, enfim, a presença de Deus.

Contudo, eventos festivos não duram. A festa acaba. Segunda-feira acordamos e enfrentamos as dificuldades da vida, e cada um tem suas dores existenciais, emocionais, familiares, profissionais e físicas. A alegria, a esperança e o amor que experimentamos no dia da festa, de forma tão intensa, podem sucumbir. Como, então, proteger e cuida bem desses sentimentos?

Apenas se os votos assumidos pelos noivos servirem de ponte entra essas duas presenças, a divina e a humana. Apenas se pudermos dizer de todo coração, com toda a sinceridade, como toda a convicção: “Senhor nosso Deus, é pra valer! O compromisso que assumimos hoje é para toda a vida, damos nossa palavra diante de ti e dos homens. Queremos resistir a todos os desencontros, queremos guardar a alegria no dia mau, queremos guardar essa esperança na hora do conflito”.

Podemos divergir, desencontrar, enfrentar tensões inerentes a rum relacionamento a dois. Podemos até enfrentar aqueles sentimentos e desejos de desistências, de ruptura, tão próprios de nossa frágil humanidade e sua dificuldade de lidar com conflitos. Mas não podemos deixar de encontrar essa outra presença, diante de quem os votos são assumidos: a presença de Cristo, que, a partir de seu amor incondicional, nos ensina a perdoar, reconciliar e permanecer na alegria, na esperança e no amor.

Dessa forma, durante todos os dias da vida, em qualquer circunstância, os votos apresentados diante do ministro e do Juiz de paz estabelecem uma ponte com a presença amorosa de Deus, a única que pode garantir que a alegria, a esperança e amor sejam perenes. Refiro-me á alegria de amar o diferente, de amadurecer e envelhecer juntos; á esperança que excede a compreensão, uma capacidade de esperar o melhor; e a um amor que não exige perfeição, que respeita, que não obriga o outro a me fazer feliz, que se abre, que é transparente, sem agendas paralelas ou secretas – um amor fiel, que persevera, acolhe e encoraja; aprende, desaprende e reaprende jeitos de amar ao longo da vida; extrai do outro o que ele tem de melhor.

Devemos lembrar sempre que, por maior que seja esse amor, ele não pode preencher o vazio e a solidão que sentimos. Cônjuges são dádivas de Deus, e não seus substitutos. A cerimônia de casamento é o compromisso solene que fazemos com o amor de Deus e o amor um pelo outro, uma consagração para a vida toda, um vínculo indissolúvel. Daí surge o respeito, a fidelidade, o afeto. Venha o que vier, permaneceremos fiéis a Deus e um ao outro.

Hoje tive vontade de fazer uma festa. Vou cozinhar um prato especial, preparar a mesa com a melhor louça, enfeitar com flores e velas, abrir um bom vinho, colocar meus CDs favoritos. Ainda que seja só eu e Isabelle, hoje será dia de festa, com discurso e dança. Festa de renovação de votos de casamento.

Osmar Ludovico, pág. 101-104. Cap. Festa de Casamento. 

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Incredulidade e Idolatria

E disse Jesus, “e não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles” (Mt 13:58); “e vemos que não puderam entrar por causa da sua incredulidade”. (Hb 3:19)
Idolatria processo no qual Deus deixa de ocupar o lugar central na vida do homem, para ficar em segundo plano.

A seguir temos um cenário em que Paulo lidou com a idolatria: 
“Então Paulo, estando de pé no meio do Areópago, disse: Varões atenienses, em tudo vejo que sois excepcionalmente religiosos; Porque, passando eu e observando os objetos do vosso culto, encontrei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais sem o conhecer, é o que vos anuncio. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; nem tampouco é servido por mãos humanas, como se necessitasse de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas; e de um só fez todas as raças dos homens, para habitarem sobre toda a face da terra, determinando-lhes os tempos já dantes ordenados e os limites da sua habitação; para que buscassem a Deus, se porventura, tateando, o pudessem achar, o qual, todavia, não está longe de cada um de nós; porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois dele também somos geração. Sendo nós, pois, geração de Deus, não devemos pensar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida pela arte e imaginação do homem. Mas Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, manda agora que todos os homens em todo lugar se arrependam; porquanto determinou um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que para isso ordenou; e disso tem dado certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos. (Atos dos Apóstolos: 17. 22)
Paulo esteve no meio dos atenienses e enquanto andava identificou-se vários altares aos ídolos Zeus, Hera, Poseidon, Atena, Ares, Deméter, Apolo, Atêrmis, Hefesto, Afrodite, Hermes, Dionísio, entre outros. Eles adoravam diversos ídolos. No entanto, a idolatria não consiste apenas na adoração destes tipos de ídolos. Existem culto a outros ídolos (invisíveis) tais como: vaidade, orgulho, ódio, inveja, relacionamentos. Etc. Além disso, existe um ídolo chamado “incredulidade”. A incredulidade está relacionado ao fato de quando tiramos os nossos olhos de Jesus e colocamos os nossos olhos nas coisas terrenas e nas circunstancias. Será que o Espírito Santo quando vem sondar nosso coração, não tem encontrado diversos altares a outros deuses? Será que em nosso coração não foi levantado vários outros altares? E a mensagem do Espírito Santo a nós e a mesma que Paulo disse aos atenienses, a respeito do “Deus desconhecido”. Precisamos limpar o nosso coração destes altares que nós mesmos construímos, precisamos começar a tirar o deus da incredulidade que tem nos cegado totalmente para as coisas celestiais. Temos adorado tanto este deus que este tem nos afastado do ÚNICO E VERDADEIRO DEUS. Que sejamos como Abrão: 
“e não enfraquecendo na fé, não atentou para o seu próprio corpo já amortecido, pois era já de quase cem anos, nem tampouco para o amortecimento do ventre de Sara. E não duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando glória a Deus” (Rm 4:19,20). 
Amém!
Priscila Grazielle, 
04/11/16

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Salmos 77:11-12

Recordarei os feitos do Senhor; sim, me lembrarei das tuas maravilhas da antiguidade 12. Meditarei também em todas as tuas obras, e ponderarei os teus feitos poderosos. (Salmos 77:11)
Eu me lembrarei das obras de Deus. O profeta agora, inspirado com nova coragem, vigorosamente resiste ás tentações, as quais por tanto tempo haviam prevalecido contra ele com o intuito de esmagar sua fé. Esta recordação das obras de Deus difere da recordação da qual ele previamente falou. Então contemplou à distância os benefícios e achou a contemplação deles insuficiente para suavizar ou a sua tristeza. Aqui ele toma posse deles, por assim dizer, como testemunhos que garantiam a eterna graça de Deus. Para expressar a mais profunda seriedade, ele repete a mesma sentença, com uma afirmação na forma de interjeição; pois a palavra, ki, é aqui usada simplesmente para confirmar ou realçar a afirmação. Tendo, pois, por assim dizer, obtido a vitória, ele triunfa na recordação das obras de Deus, estando firmemente persuadido de que Deus continuaria o mesmo como se mostrara desde a antiguidade. Na segunda sentença, ele enaltece veementemente o poder que Deus exibira na preservação de seus servos: Lembrar-me-ei de tuas obras maravilhosas da antiguidade. Ele emprega o singular, teu decreto ou tua obra maravilhosa; porém não hesitei em corrigir a obscuridade mudando o número. Encontrá-lo-emos logo depois empregando o singular para denotar muitos milagres. O que ele quer dizer, em suma, é que o maravilhoso poder de Deus que sempre publicara pela preservação e salvação de seus servos, contanto que meditemos devidamente sobre ele, é suficiente para capacitar-nos a vencer todas as angústias.
À luz deste fato, aprendamos que, embora às vezes a lembrança das obras de Deus nos traga menos conforto do que havíamos desejado, e nossas circunstâncias requeiram, devemos, não obstante, esforçar-nos para que a exaustão produzida pela tristeza não descoroçoe nossa coragem. Isso é merecedor de nossa mais cuidadosa atenção. Em tempos de tristeza, nutrimos sempre o desejo de achar um remédio que mitigue sua amargura; porém a única maneira pela qual podemos fazer isso é lançar nossas preocupações sobre Deus. Entretanto, amiúde sucede que, quanto mais perto ele esteja de nós, mais, no aspecto externo, ele agrava nossas dores. Portanto, muitos, quando não derivam nenhuma vantagem deste curso, imaginam que não podem fazer melhor que esquecê-lo. E assim sentem aversão por sua Palavra, porque quando a ouvem sua angústia é antes agravada em vez de mitigada, e, o que é pior, desejam que Deus, que assim agrava e inflama sua tristeza, se mantenha à distância. Outros, sepultando a lembrança dele, se devotam totalmente às atividades mundanas. Estão num extremo muito oposto ao do profeta. Embora ele não experimentasse imediatamente o benefício que teria desejado, todavia ainda continuou a ter Deus diante de sua vista, sabiamente apoiando sua fé nesta meditação: como Deus não muda seu amor nem sua natureza, ele não pode fazer outra coisa senão mostrar-se por fim misericordioso para com seus servos. Que nós também aprendamos a abrir nossos olhos para vislumbrar as obras de Deus; cuja excelência é de pouca importância em nossa estima, em virtude da opacidade de nossos olhos e de nossa inadequada percepção delas; as quais, porém, se examinadas atentamente, nos encantarão com admiração. O salmista reitera no versículo 12 que ele meditaria continuamente sobre essas obras, até que, no tempo oportuno, recebesse a plena vantagem que esta meditação se destina a oferecer. A razão por que tantos exemplos da graça de Deus em nada contribuem para nosso proveito, e fracassam em edificar nossa fé, é que tão logo temos começado a fazer delas os temas de nossa ponderação, nossa inconstância nos afasta para outras coisas, e assim, em seu exato começo, nossas mentes logo perdem a imagem delas.

João Calvino, O livro dos Salmos, volume 3
05-10-16

Salmos 77: 10

E eu digo: Isto é minha enfermidade; acaso se mudou a destra do Altíssimo? (Salmos: 77. 10)
E eu disse: Minha morte, os anos da destra de Deus. Esta passagem tem sido explicada de várias maneiras. Alguns, derivando a palavra challothi de chalah, que significa matar, vêem o profeta como a dizer que, sendo esmagado por um grande acúmulo de calamidades, a única conclusão a que pôde chegar era que Deus o designara à completa destruição; e que sua linguagem é uma confissão de haver ele caído em desespero. Outros traduzem-na por estar doente, estar enfermo ou debilitado, o que é muito mais próprio ao escopo da passagem (veja nota 1). Diferem, porém, com respeito ao significado. Segundo alguns intérpretes, o profeta se acusa e se reprova por sua enfermidade mental e por não conseguir mais virilmente resistir à tentação (veja nota 2). É possível admitir esta explicação; pois o povo de Deus ordinariamente reunia coragem depois de passar um tempo hesitante sob o impulso da tentação. Entretanto, prefiro uma interpretação diferente, a saber: que esta era uma doença meramente temporária, e que por isso ele a compara indiretamente à morte; ainda quando se diz no Salmo 118.18: “O Senhor me castigou gravemente, porém não me entregou à morte.” Também: “Não morrerei, porém viverei.” Ele, pois, não tenho dúvida, se sente aliviado por nutrir a confiante persuasão de que, embora atualmente estivesse deprimido, era só uma questão de tempo, e que, portanto, se dispõe a pacientemente suportar essa doença ou debilidade, visto que ela não era para morte. Os comentaristas tampouco estão concordes quanto à exposição da segunda sentença. Os que conectam este versículo com os versículos precedentes, acreditam que o profeta fora a princípio reduzido a um estado tal de melancolia, que olhava para si mesmo como alguém completamente destruído; e que depois ele ergueu sua cabeça resolutamente, à semelhança daqueles que pensam achar-se lançados nas profundezas de um naufrágio, e que, repentinamente, se erguem acima das águas. Além disso, creem que isso deve ser entendido como uma palavra de encorajamento dirigida por alguém ao profeta, desejando que ele rememore os anos nos quais teve a experiência de que Deus era misericordioso para consigo. Será, porém, mais apropriado entendê-lo assim: Não tens razão de pensar que ora estás condenado à morte, visto não estares laborando sob uma doença incurável, e a mão de Deus está habituada a atingir todos aqueles a quem ela quer golpear. Não rejeito a opinião dos que traduzem shenoth, por mudanças (veja nota 3); pois quando o verbo hebraico, shanah, significa mudar, ou fazer uma coisa repetidas vezes, os hebreus tiraram dele a palavra shenoth, a qual empregam para denotar anos, de seu caráter giratório, de seu movimento em espiral, por assim dizer, na mesma órbita. Mas seja qual for a maneira em que a entendamos, o conforto de que tenho falado permanecerá firme, ou, seja, o profeta, assegurando-se de uma mudança favorável em sua condição, não olha para si como um condenado à morte. Outros dão uma interpretação um pouco diferente, olhando para ela de outro ângulo (veja nota 4), como se o profeta dissesse: Por que não suportas pacientemente a severidade de Deus desta vez, quando até aqui ele te tem acalentado com sua beneficência? Ainda como disse Jó [2.10]: “Recebemos o bem da mão de Deus, e não receberemos também o mal?” É mais provável, porém, que o profeta dirija sua visão para o futuro e tenha em mente que este o fez esperar os anos ou os acontecimentos da mão do Altíssimo, até que ele oferecesse clara e indiscutível evidência da volta de seu favor para com ele.
Notas:
1- Walford traduz: “Então eu disse: Minha doença é esta.:” Observa ainda: “Essa é a tradução exata do texto. Alguma doença penosa lhe sobreviera, a qual foi agravada pela depressão de seu espírito, o que o privou do vigor e energia mentais e envolveu todos os objetos de cores mais escuras ... ‘Eu disse: Esta é minha doença.’ Minha mente está oprimida pelos sentimentos mórbidos de minha estrutura física, e por isso as mudanças pelas quais a mão de Deus me afetou são vistas por mim em cores mais escuras, e estou pronto a renunciar a própria esperança de que ainda verei sua bondade como fazia comigo outrora."
2 - Segundo este ponto de vista, ele se refere ao que dissera nos versículos 7 a 9, nos quais pareceu chegar à conclusão de que jamais haveria um fim para suas aflições atuais, como se o decreto estivesse em andamento e Deus pronunciasse uma sentença final e irreversível. Aqui, porém, ele se refreia e se corrige por haver dado vazão a tal linguagem, e recorda de seus pensamentos de respeito a Deus de forma mais justa e sentimentos mais estimulantes. Reconhece seu pecado em questionar ou ceder ao sentimento de suspeita em referência ao amor divino e à veracidade das promessas divinas; e confessa que isso fluiu da corrupção de sua natureza e da fraqueza de sua fé; que ele havia falado temerária e apressadamente; e que se envergonhava e sentia seu rosto em confusão, por isso agora desistira e não mais iria avante.
3- Walford traduz o versículo assim: “Então eu disse: Minha doença é esta: A mudança da destra do Deus Altíssimo.” Ele observa: “Não há autoridade para a versão: ‘Recordarei os anos’; sua intenção é: o poder de Deus tem mudado e alterado minha condição; de um estado de saúde e paz, ele me trouxe doença e dores e tristezas. Disto, diz ele, me lembrarei para inspirar-me alguma esperança de que o poder que o tinha humilhado agora o exalte.”

 João Calvino, O livro dos Salmos, volume 3
11-10-16

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Salmos 77: 9

"Esqueceu-se Deus de ser compassivo? Ou na sua ira encerrou ele as suas ternas misericórdias?" (Salmos 77. 9)
Porventura esqueceu Deus de ser misericordioso? O profeta ainda continua debatendo em seu íntimo o mesmo tema. Seu objetivo, contudo, não é subverter sua fé, mas, antes, soerguê-la. Ele não formula esta pergunta como se o ponto a que se refere fosse uma questão duvidosa. É como se ele dissesse: Porventura Deus esqueceu de si mesmo? ou teria ele mudado sua natureza Porque ele não pode ser Deus a menos que seja misericordioso. De fato admito que ele não permanece inabalável como se possuísse um coração de aço. Entretanto, quanto mais violentamente era ele assaltado, mais firmemente se inclinava para o fato incontestável de que a bondade de Deus está tão inseparavelmente conectada a sua essência, que se torna sumariamente impossível que ele não seja misericordioso. Portanto, sempre que as dúvidas assaltem nossas mentes, assenhoreando-se delas com preocupações e oprimindo-as com angústias, aprendamos sempre a diligenciar-nos por obter uma resposta satisfatória a esta pergunta: Deus mudou sua natureza ao ponto de não mais ser misericordioso?

A última sentença: Ele encerrou ou restringiu sua misericórdia em sua ira? tem o mesmo teor. Era uma observação muito comum e notável entre os patriarcas que Deus é longânimo, tardio em irar-se, pronto a perdoar e fácil de ser achado. Foi deles que Habacuque extraiu a afirmação que faz em seu cântico [3.2]: “ Mesmo em sua ira ele se lembrará de sua misericórdia.” O profeta, pois, aqui chega à conclusão de que a disciplina que ele experimentou não impedia que Deus novamente se reconciliasse com ele e volvesse a sua costumeira maneira de outorgar-lhe bênçãos, visto que sua ira para com seu próprio povo dura apenas um momento. Sim, embora Deus manifeste os emblemas de sua ira, todavia não oculta por muito tempo seu terno amor para com aqueles a quem disciplina. Sua ira, é verdade, permanece continuamente sobre os réprobos; porém o profeta, considerando-se como um do número dos filhos de Deus, e falando de outros crentes genuínos, com razão fala da impossibilidade de o desprazer temporário de Deus interromper o curso de sua bondade e mercê.

João Calvino, O livro dos Salmos, volume 3
05-10-16

Salmos 77:7-8

Rejeitará o Senhor para sempre e não tornará a ser favorável? Cessou para sempre a sua benignidade? Acabou-se a sua promessa para todas as gerações? (Salmos 77:7-8)
Rejeitará o Senhor para sempre? As declarações aqui feitas indubitavelmente formam parte das inquirições nas quais o salmista envolvera sua mente. Ele notifica que foi quase esmagado por uma longa sucessão de calamidades; pois ele só se viu impelido a usar essa linguagem quando teve que suportar aflição por um longo período de tempo, mal se aventurando a nutrir a esperança de que Deus futuramente o favoreceria. É possível que argumentasse consigo mesmo se Deus continuaria a ser gracioso; pois quando ele nos envolve em seu favor, faz isso com base no princípio de que ele continuará a no-lo estender até o fim. O salmista não se queixa propriamente de Deus nem encontra nele falha alguma, mas, antes, arrazoa consigo mesmo e conclui, à luz da natureza de Deus, que é impossível que ele não dê seguimento a seu gracioso favor em prol de seu povo, a quem uma vez se revelou como Pai. Visto que ele tem identificado todas as bênçãos que os fiéis recebem da divina mão com o mero beneplácito de Deus, como sua fonte, assim um pouco depois adiciona a bondade divina, como a dizer: Como posso crer ser possível que Deus interrompa o curso de seu paterno favor, quando se leva em conta que ele não pode privar-se de sua própria natureza? Vemos, pois, como, por meio de um argumento extraído da bondade de Deus, ele repele os assaltos da tentação. Quando formula a pergunta: sua palavra ou oráculo falhou? ele notifica que estava destituído de toda e qualquer consolação, visto não ter experimentado nenhuma promessa que apoiasse e fortalecesse sua fé. Somos deveras lançados num redemoinho de desespero quando Deus afasta de nós suas promessas nas quais nossa esperança e salvação estão incluídas. Se surge a objeção de que, como tais, era impossível, sem a palavra de Deus, ter a lei em suas mãos, respondo que, por conta da imperfeição da primeira dispensação, quando Cristo não havia ainda se manifestado, as promessas especiais eram então necessárias. Conseqüentemente, no Salmo 74.9 encontramos os fiéis se queixando de que não viam mais seus sinais costumeiros, e que não mais tinham em seu meio um profeta que tivesse conhecimento do tempo. Se Davi foi o autor deste Salmo, sabemos que em questões de dúvida e perplexidade era comum que ele solicitasse o conselho de Deus, e que Deus estava acostumado a conceder-lhe respostas. Se se visse privado dessa fonte de alívio no meio de suas calamidades, ele tinha razão de deplorar por não haver encontrado nenhum oráculo ou palavra para sustentar e fortalecer sua fé. Mas se o Salmo foi composto por algum outro profeta inspirado, esta queixa se adequará ao período que se interpõe entre a volta dos judeus do cativeiro babilônico e a vinda de Cristo; porque, durante esse tempo, o curso da profecia de certo modo estava interrompido e não havia ninguém investido de algum dom peculiar dado pelo Espírito Santo para alçar os corações daqueles que estavam prostrados ou apoiá-los e guardá-los de caírem. Além disso, às vezes ocorre que, embora a palavra de Deus nos seja oferecida, todavia ela não entra em nossas mentes, em decorrência de estarmos envolvidos em estresse tão profundo ao ponto de impedir-nos de receber ou admitir um mínimo grau de conforto. Eu, porém, endosso o primeiro sentido, ou, seja, que a Igreja estava agora sem aqueles anúncios especiais de profecia com que ela fora anteriormente favorecida, e que como ainda dependia da mera vista das sombras daquela economia, ela estava em constante necessidade de novos apoios. À luz deste fato podemos deduzir uma proveitosa lição, a saber: que não devemos viver indevidamente inquietos, caso Deus, em algum tempo, subtraia de nós sua palavra. Deve-se ter em mente que ele prova seu próprio povo através de métodos maravilhosos, para que cheguem à conclusão de que toda a Escritura chegou a seu próprio fim, e que, embora estejam desejosos de ouvir Deus falando, todavia não conseguem aplicar suas palavras a seu próprio caso particular. Esta, como eu já disse, é uma coisa angustiante e dolorosa; mas que não deve impedir que nos engajemos no exercício da oração.

João Calvino, O livro dos Salmos, volume 3
05-10-16

Salmos 77:6

"De noite lembro-me do meu cântico; consulto com o meu coração, e examino o meu espírito" (Salmos: 77. 6).

De noite recordarei o meu cântico. Pela expressão, meu cântico , ele denota o exercício de ação de graças no qual se engajara durante o tempo de sua prosperidade. Não há remédio mais próprio para curar nossas dores, como acabo de observar, do que este; Satanás, porém, com frequência espertamente insinua em nossa mente os benefícios de Deus, para que cada senso da ausência deles faça em nossas mentes uma profunda ferida. Portanto, é muitíssimo provável que o profeta estivesse espicaçado por dores cruciantes ao comparar a alegria experimentada por ele em tempos passados com as calamidades que presentemente estava sofrendo. Ele menciona expressamente a noite, porque, quando então estamos sozinhos e privados da sociedade e presença de seres humanos, em nossa mente engendramos mais preocupações e pensamentos do que os experimentamos durante o dia. O que se acrescenta imediatamente a seguir, com respeito ao comungar com seu próprio coração , tem o mesmo objetivo. A solidão exerce a influência de levar os homens a retirar-se para os recessos de seu próprio universo mental, com o intuito de examinar se plenamente e falar a si mesmos livre e sinceramente, quando nenhuma criatura está por perto para, com sua presença, impor restrição.

A última sentença do versículo, e meu espírito com diligência examinará, admite uma dupla explicação. A palavra chaphas, para examinar com diligência, sendo do gênero masculino, e a palavra ruach, para espírito, às vezes sendo feminina, alguns comentaristas supõem que o nome de Deus deve estar implícito, e explicam a frase como se o salmista houvera dito: Não há nada, ó Senhor, tão oculto em meu coração que não tenhas sondado. E de Deus se diz, com a mais elevada propriedade, que examina o espírito do homem, a quem desperta de sua indolência ou torpor, e a quem examina por meio de agudas aflições. Então todos os lugares ocultos e recuados, por mais obscuros que sejam, são explorados, e as aflições, antes desconhecidas, são trazidas a lume. Entretanto, visto que o gênero do substantivo, no idioma hebraico, é ambíguo, outros mais plausivelmente traduzem: meu espírito tem examinado diligentemente. Sendo este o sentido mais geralmente aceito, e sendo, ao mesmo tempo, o mais natural, eu o adotei. Nesse debate, do qual o escritor inspirado faz menção, ele perscrutou as causas em virtude das quais ele era tão severamente afligido, e também das quais suas calamidades finalmente emanavam. Sem dúvida é altamente proveitoso meditar nestes temas, e o desígnio de Deus consiste em instigar-nos a fazer isso quando algum adversário nos pressiona. Não há nada mais perverso do que a estupidez dos que se tornam endurecidos sob os açoites de Deus. Simplesmente devemos manter-nos dentro dos devidos limites a fim de não sermos tragados por muitas aflições, e para que as profundezas insondáveis dos juízos divinos não nos submerjam ante nossa tentativa de examiná-los detidamente. O que o profeta tinha em mente é que quando ele buscou conforto em todas as direções, não pôde encontrar nenhum que amenizasse a amargura de suas tristezas.

“O verbo chaphas , significa uma investigação como aquela para a qual o homem, para fazê-la, se vê obrigado a despir-se. Ou, levantar as cobertas a fim de examinar dobra por dobra. Ou, em nossa fraseologia, não deixar pedra sem revirar. A Vulgata traduz assim: et scopebam spiritum meum. Como scopebam não é um termo latino puro, poderia provavelmente ter sido tomado do grego, scopeo, ‘olhar em volta, considerar atentamente’. Entretanto, ele não é usado por nenhum autor, exceto por Jerônimo, e por ele somente aqui e em Isaías 14.23: ‘e varrê-la-ei com vassoura de perdição’; Daí vermos que ele formou um verbo do substantivo scopa, uma escova ou vassoura varredora." Dr. Adam Clarke.

João Calvino, O livro dos Salmos, volume 3.
03/10/16

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Salmos: 77: 5

"Considero os dias da antiguidade, os anos dos tempos passados". (Salmos: 77. 5)

Tenho rememorado os dias de outrora. Não há dúvida de que ele lutava por aliviar sua tristeza rememorando sua alegria do passado; porém nos informa que o alívio não era obtido tão facilmente, nem tão repentinamente. Pelas sentenças, dias de outrora e os anos de tempos passados, parecem não só referir-se ao doloroso curso de sua própria vida, mas também abrangem muitas épocas. O povo de Deus, em suas aflições, deve, indubitavelmente, pôr diante de seus olhos, e lembrar sua memória, não só as bênçãos divinas que têm individualmente experimentado, mas também todas as bênçãos que Deus, em cada época, tem outorgado a sua Igreja. Entretanto, pode-se facilmente deduzir do texto que, quando o profeta lembra em sua própria mente as misericórdias que Deus lhe outorgara em tempos passados, ele começou com sua própria experiência.

João Calvino, O livro dos Salmos, volume 3.
03/10/16

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Salmos 77:4

"Conservas vigilantes os meus olhos; estou tão perturbado que não posso falar". (Salmos 77: 4)

Tens conservado insones meus olhos. Este versículo tem com o anterior o mesmo propósito. O salmista afirma que passava todas as noites em vigília, porquanto Deus não lhe concedia alívio. As noites, nos tempos antigos, geralmente eram divididas em várias vigílias; e, conseqüentemente, ele descreve a contínua tristeza que o impedia de dormir, usando o termo metafórico vigílias. Ao declarar um pouco antes que orou a Deus em voz audível, e ao afirmar agora que permanecerá em silêncio, pode parecer existir aqui alguma discrepância. Essa dificuldade já foi resolvida em nossa exposição do Salmo 32.3, no qual demonstramos que os verdadeiros crentes, quando se sentem esmagados pela tristeza, não continuam em estado de invariável desconforto, mas às vezes dão vazão aos suspiros e queixas, enquanto que, em outras ocasiões, ficam em silêncio como se suas bocas estivessem amordaçadas. Portanto, não surpreende encontrar aqui o profeta confessando francamente que se sentia esmagado e, por assim dizer, chocado com as calamidades, ao ponto de sentir-se impossibilitado de abrir sua boca para pronunciar sequer uma única palavra.

Alguns dos comentaristas judeus interpretam esta cláusula assim: “Tu manténs os supercílios de meus olhos.” Os supercílios que protegem os olhos foram mantidos, de modo que ele não podia fechá-los e poder dormir. O sono para uma pessoa em angústia tem o efeito de interromper seu sofrimento por algum tempo e do enfraquecimento refrigerando o corpo. Portanto, em tais circunstâncias ele é uma grande bênção e, por isso, é avidamente desejado. Mas ter esse sono negado, e para o sofredor ter de enfrentar a insônia e noites intermináveis de fadiga é um profundo agravo de seu estresse.

João Calvino, O livro dos Salmos, volume 3.

Salmos: 77:3

"Lembro-me de Deus, e me lamento; queixo-me, e o meu espírito desfalece". (Salmos: 77. 3)


Lembrar-me-ei de Deus e me sentirei perturbado. O salmista aqui emprega uma variedade de expressões para expressar a intensidade de sua dor e, ao mesmo tempo, a profundidade de sua aflição. Ele se queixa de que o que se constituía no único antídoto para aliviar sua angústia tomara-se-lhe uma fonte de inquietude. Aliás, pode parecer estranho que a mente dos verdadeiros crentes seja perturbada com a lembrança de Deus. A intenção do escritor inspirado, porém, é simplesmente esta: embora apresentasse a Deus a angústia de sua mente, ela não era removida. Sem dúvida, repetidas vezes sucede que a lembrança de Deus em tempo de adversidade agrava ainda mais a angústia e perturbação dos justos; por exemplo, quando nutrem o senso de que ele está irado contra eles. O profeta, contudo, não pretende dizer que seu coração era atingido por nova angústia e inquietude sempre que Deus surgia em sua lembrança; ele simplesmente lamenta que nenhuma consolação emanava de Deus que lhe propiciasse alívio; e essa é uma provação muitíssimo difícil de suportar. Não surpreende contemplar os ímpios torturados por pavorosa agonia mental; porque, já que seu grande objetivo e empenho é afastar-se de Deus, então que sofram o castigo que merecem por conta de sua rebelião contra ele. Mas quando a lembrança de Deus, da qual buscamos extrair consolação para aliviar as nossas calamidades, não oferece repouso nem tranqüilidade a nossas mentes, então nos dispomos a crer que ele está se divertindo a nossas custas. Somos, não obstante, instruídos por esta passagem que, quanto mais experimentamos irritação, angústia e inquietude, mais devemos perseverar no exercício de invocar a Deus mesmo diante de todos esses impedimentos.

João Calvino, O livro dos Salmos, volume 3.

Salmos 77:2

"No dia da minha angústia busco ao Senhor; de noite a minha mão fica estendida e não se cansa; a minha alma recusa ser consolada". (Salmos: 77. 2)
Busquei o Senhor no dia de minha angústia. Neste versículo ele expressa mais distintamente a grave e dura opressão a que a Igreja se sujeitara naquele tempo. Há, contudo, certa dose de ambiguidade nas palavras. O termo hebraico, yad, o qual traduzi por mão, é às vezes tomado metaforicamente por uma ferida ou mágoa, e, portanto, muitos intérpretes trazem à tona este sentido: Minha ferida [ou mágoa] percorreu a noite, e não cessou;' equivale dizer: Minha ferida não foi suficientemente purificada de elementos ulcerosos, ao ponto de sua supuração parar de escorrer. Eu, porém, ao contrário tomo a palavra em seu sentido ordinário, que é mão, porque o verbo niggera, que ele usa aqui significa não só penetrar como faz uma chaga, mas também estender-se ou espalhar-se. Ora, ao dizer que buscava o Senhor no dia de sua angústia, e que suas mãos se lhe estenderam nos momentos noturnos, isso denota que a oração era seu exercício contínuo - que seu coração estava tão solícita e incansavelmente engajado nesse exercício, que ele não podia desistir dele. Na sentença final do versículo, a partícula adversativa, embora, deve suprir a lacuna; e então o significado ficará assim: embora o profeta não encontrasse nenhum consolo e nenhum lenitivo para a amargura de sua tristeza, ele ainda prosseguia com suas mãos estendidas rumo a Deus. ,E assim cabe-nos reagir contra o desespero, para que nossa dor, ainda que nos pareça incurável, não feche nossa boca e nos impeça de derramar nossas orações na presença de Deus.

João Calvino, O livro dos Salmos, volume 3.  

Salmos 77:1

"Minha voz chegou a Deus, e eu clamei; minha voz chegou a Deus, e ele me ouviu." (Sl 77:1)
Minha voz chegou a Deus, e eu clamei. Isso não constitui mera queixa, como alguns intérpretes o explicam, denotando a surpresa que o povo de Deus sentiu ao descobrir que aquele que até então costumava atender seus pedidos, fechava-lhes seus ouvidos e era invocado em vão. Parece mais provável que o profeta, ou fala da atual emoção de sua mente ou está a recordar como havia experimentado que Deus se inclinara e se prontificara a ouvir-lhe as orações. Não pode haver dúvida de que ele está a descrever a grandeza da dor com que era afligido; e, em minha opinião, denota um ato contínuo pelo uso dos tempos verbais, pretérito e futuro. Em primeiro lugar, ele declara que não lançara nesciamente ao ar seus clamores, à semelhança de muitos que proferem imoderadamente amargos brados ao léu, opressos por dores; mas que dirigira sua oração a Deus quando a necessidade o constrangera a clamar. A conjunção e, a qual se junta ao verbo clamar, deve ser determinada pelo advérbio de tempo, quando, ficando assim: Quando clamei, minha voz chegou a Deus . Ao mesmo tempo, ele também demonstra que, embora às vezes se via constrangido a reiterar seus clamores, ele não dá como perda de tempo sua perseverança em oração. O que se adiciona imediatamente a seguir se destina à confirmação de sua fé: Ele me ouve. A conjunção e, como em muitos outros lugares, é aqui expressa no lugar do advérbio causal porque. O significado é que ele se animou a clamar a Deus, a partir da consideração de que essa era a forma costumeira de Deus mostrar seu favor e misericórdia para com ele.

Comentário por João Calvino, O livro dos salmos, Volume 3.  


Alguns dias atrás, através de uma reunião que meu namorado e eu fazemos juntos, ele mencionou dentro da sua mensagem, o salmo 77. E, este me chamou muita atenção, tanto que tenho lido ele, sempre que possível, desde então... Posteriormente, eu quis comentar um pouco também sobre este salmo em uma das nossas reuniões em família (com minha mãe e irmãos); E, para comentar sobre este salmo, procurei algum livro que tenha comentário do mesmo, o livro de comentários por João Calvino. Então, resolvi, repassar diariamente um versículo desse salmo com seu respectivo comentário para alguns contatos da minha lista do whatapp, e, hoje resolvi postar estes mesmos trechos aqui no blog! 

Priscila Grazielle 
30-09-16

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Lugar de Origem

Grandes casas construí
Fortalezas eu ergui
Buscando ilusões pra me sentir completo
Prazer algum a mim neguei
Cai no poço que cavei
Tentando encontrar o que só há no eterno

Tu és a minha residência
Lugar de origem, procedência
Só em ti a vida é vida plena
Encontro em ti resiliência
Não perco a forma na tormenta
Castelo forte, minha rocha eterna

O meu coração está inquieto, quer descansar em ti
Pois só em teus braços há plenitude

(Trecho retirado da Música "Lugar de Origem" de Jeferson Pillar)

Resiliência: "Na ciência dos materiais, a resiliência é definido como a medida em percentual da energia que pode ser absorvida dentro do limite elástico sem criar uma deformação permanente (deformação plástica). Em curtas palavras, a resiliência é a capacidade de um material voltar ao seu estado normal depois de ter sofrido tensão". (Copyright © E-Civil)


terça-feira, 13 de setembro de 2016

Série - O Evangelho para os Evangélicos

O Evangelho para Evangélicos - Angelo Bazzo (1x4)


O Evangelho para os Evangélicos - Angelo Bazzo (2x4)


O Evangelho para os Evangélicos - Angelo Bazzo (3x4)


O Evangelho para os Evangélicos - Angelo Bazzo (4x4)


Priscila Lima 
13-09-16



segunda-feira, 12 de setembro de 2016

A resposta da Bíblia para o stress

Muito boa esta pregação! Que nós venhamos a entender isso: "Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece." Fl 4:13 - Mas antes disso, precisamos entender os versos anteriores: "Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade." Fl 4:11,12. 
E no fim dizer, através do poder Deus em nós, poderemos responder ás circunstâncias: Sim, Senhor! Obrigada, Senhor!


 

att,
Priscila Lima 
12-09-16

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Ferida - Em busca da Alma femina

Um outro livro que eu "super indico", principalmente, ás mulheres (mas aconselho aos homens para  o lerem também), é o livro "Em busca da alma feminina" dos autores John & Stasi Eldredge. Este livro é muito bom! Todas a mulheres precisam lê-lo! Eu já li este livro faz muito tempo, e na época , quando o indicaram eu não o encontrei em nenhum lugar para comprá-lo, só o encontrei em arquivo eletrônico. Mas, agora, para nossa alegria, uma editora publicou ele novamente e está vendendo o livro (Aqui). E, vou ganhar este de presente da minha irmã! Que emoção!
Então, o que me fez voltar aqui e falar dele, é porque a minha cunhada está organizando na igreja dela, juntamente com a permissão da liderança de lá, encontros mensais, com as mulheres (de qualquer idade) para falarem a respeito do livro. Cada encontro é exposto dois a três capítulos, e cada capítulo é falado por uma pessoa diferente (preletores). E, em resumo, amanhã eu estarei lá falando a respeito do capítulo 4 - Ferida, e como eu tenho apenas 40 minutos, eu tive que reduzir muito o capítulo e ainda sim, estou correndo o risco de não conseguir falar tudo o que planejei. Mas, agora, chega de "blá ... blá", vou compartilhar aqui então, meu esboço de amanhã, referente ao livro, que serve para vocês perceberem a profundidade de que se trata um dos capítulos do livro. 

CAPÍTULO 4 - FERIDA

Definição de Ferida: “Lesão produzida no organismo por golpe, choque, instrumento perfurante, cortante; [Figurado] Ofensa, mágoa e dor.” (fonte: https://www.dicio.com.br/ferida/)

O capítulo se inicia com a seguinte frase: 

“Estas palavras são navalhas para meu coração ferido” (Shakespeare)

Verifica-se que quando um coração está ferido qualquer palavra ou ação é como navalha. Pessoas feridas sempre estão na defensiva ou se justificando. Um coração ferido não consegue discernir entre o bem e o mal, pois quase tudo será tratado como algo "ofensivo" vindo da parte do outro, enquanto nem sempre essa é a realidade. 

No livro Cultura de avivamento  de Michael Brodeur e Banning Liebscher (também indico e muito esta leitura), no capítulo 6 - "A cultura de avivamento e a família", descreve: "Meu entendimento sobre o real desafio de construir uma família saudável em nossa geração tem crescido. (...) Não há como negar que a família é a ESTRUTURA RELACIONAL mais importante que existe. Infelizmente o mundo em que vivemos tem se tornado cada vez mais órfão de pai e mãe."  

“De acordo com o projeto de Deus, existem três principais elementos ou nutrientes que uma estrutura saudável de família provê para uma criança em crescimento: CONFIANÇA, AMOR E ESPERANÇA". 
  • Confiança: A confiança nos trás segurança – ela vem quando as crianças sabem que são protegidas e supridas
  • Amor: O amor incondicional, que é a fonte de identidade. Se o fundamento do amor e da sensação de pertencimento não estiver muito bem firmado em nossos corações quando crianças, iremos com freqüência impactar a comunidade de maneiras destrutivas e nocivas.
  • Esperança: Os pais amorosos recebem a responsabilidade básica de proporcionar a visão, a motivação e a direção que seus filhos precisam para se tornarem as pessoas que Deus as chamou para ser.  Salmo 127:4 “ Como flechas na mão do guerreiro, assim sao os filhos da mocidade”. Filhos são "Flechas" em potencial que ficam na aljava da família. Deus chama os pais para mirarem seus filhos em direção ao destino divino, liberarem a corda e enviá-los para o chamado da vida deles. Em outras palavras, Deus concebeu a família para ser a incubadora do destino, um ambiente de verdade, amor e esperança em que um filho imaturo e imperfeito pode crescer em maturidade e se tornar o que foi criado para ser. (pag. 120) 

Voltando ao livro, Em busca da alma feminina, temos um "modelo, exemplo" de ambiente em que uma criança deve crescer: 

2° parágrafo, página 38 “A vida para Carrie era mais próxima da vida que Deus queria para cada menina. Ela sabia que seu pai a amava. Ela era a princesa dele. Ele era seu cavaleiro em uma armadura brilhante. Queria passar tempo com ela. Carrie sabia que sua mãe a amava e a queria. Era um mundo em que seu pai a protegia, sua mãe cuidava dela e ela se divertia. Este é o território em que a alma de uma menina deveria crescer; este era o jardim em que seu jovem coração deveria florescer. Toda menina deveria ser amada assim, acolhida assimvista, conhecida, apreciada. Deste lugar ela pode se transformar em uma mulher forte, formosa e confiante.”

Uma criança precisa crescer em um ambiente de amor, onde participe com os pais de tempo de qualidade, em que ela se sinta protegida e cuidada! 

E, para um melhor entendimento, quero falar breve com vocês, a respeito do livro "As Cinco Linguagens do Amor" (e este eu também indico a leitura): 

Este livro nos apresenta cinco linguagens que são necessárias se comunicar em um relacionamento, caso o nosso desejo seja de termos um relacionamento saudável. E, estas cinco linguagens são: TOQUE FÍSICO, PALAVRAS DE AFIRMAÇÃO, TEMPO DE QUALIDADE, ATOS DE SERVIÇOS E PRESENTES. Não vou me ater a descrever a respeito de cada item, mas, eu creio que não apenas no contexto que o livro aborda, casamento, que estas linguagens devem ser empregadas, mas creio que toda criança deve crescer recebendo amor por todos estes meios de comunicação. Sendo constantemente abraçadas, afirmadas, passando tempo de qualidade com elas, servindo-as e ensinando-as as servir, dando presentes (lembrancinhas) não apenas no dia de seu aniversário... Creio, que uma criança que cresce em um ambiente que os pais se interagem um com o outro dessa forma, e elas também são participantes dessa forma de demonstrar amor, irão crescer muito mais saudáveis e seguras. O problema que vemos, é que muitos pais querem que os filhos façam algo "certo", sem que estas crianças "os vejam fazendo". Ou seja, faça o que falo, mas não faça o que faço. Totalmente incoerente! 

“Jesus lhes deu esta resposta: "Eu lhes digo verdadeiramente que o Filho não pode fazer nada de si mesmo; só pode fazer o que vê o Pai fazer, porque o que o Pai faz o Filho também faz. Pois o Pai ama ao Filho e lhe mostra tudo o que faz.” João 5:19,20

O próprio Jesus, fez exatamente o que viu o Pai fazer, e o Pai mostrou a Jesus tudo o quanto Ele deveria fazer. Não que este versículo deva ser visto desta forma, mas, vejo aqui um exemplo - como os pais, ensinar as crianças o que deve ser feito; Quanto crianças, observarmos o que os pais fazem.  

MÃES, PAIS E SUAS FILHAS

"O modo como você se vê agora, foi moldado em seus primeiros anos de vida, nos anos em que você era uma menina".

"As mulheres aprendem com a MÃE o QUE SIGNIFICA SER UMA MULHER e com o PAI o VALOR QUE UMA MULHER TEM — o valor que elas têm como mulher".

MÃES 

3° parágrafo, Página 38: “De nossa mãe recebemos muitas, muitas coisas, porém as mais importantes entre elas são compaixão e ternura. Quando meus filhos eram pequenos e se machucavam, seu pai dizia algo estimulante como: "Não foi nada." Eu os apertava em meus braços e cuidava de suas feridas. Nossa mãe mostra-nos a face misericordiosa de Deus. Somos alimentadas em seus seios e embaladas em seus braços. Ela nos balança para dormir e canta canções de ninar para nós. Nossos primeiros anos são vividos junto aos cordões de seu avental, e ela cuida de nós em todos os sentidos da palavra. Quando nos machucamos, mamãe nos beija e faz com que as coisas fiquem melhores.”

FERIDAS DAS MÃES

Exemplo 01 – 1° parágrafo, página 41: “Minha mãe era uma mulher solitária e ocupada. Quando eu era pequena, tinha de fingir estar doente para conseguir um pouquinho de sua atenção. Lembro-me de estar sentada à mesa da cozinha, ainda menina, vendo-a preparar o jantar, quando ela me disse pela primeira vez — mas não pela última — como ficou desolada quando descobriu que estava grávida de mim. Eu era a última de quatro filhos, muito próximos em termos de idade, e ela chorou quando descobriu que eu, a filha de uma mãe arrasada e um pai ausente, estava a caminho. Você pode imaginar o efeito que isso tem no coração de uma menina”.

Exemplo 02 – 6° parágrafo, página 42: “A mãe de Melissa era uma mulher má que batia nos filhos com um pedaço de madeira. "Eu tinha um verdadeiro pavor de minha mãe", ela confessou. "Ela parecia psicótica e fazia jogos mentais maldosos. Na maioria das vezes realmente não sabíamos por que estávamos apanhando. Meu pai não fazia nada. O que eu sabia era que, a cada golpe, meu ódio por ela aumentava. Ela transformou minha irmã em uma frágil massa humana, e eu prometi que ela nunca faria isso comigo. Prometi que seria DURA, DIFÍCIL, COMO UMA PEDRA. E foi nisso que ela se TRANSFORMOU AO ENTRAR NA FASE ADULTA.”

As mensagens de nossas feridas e como elas nos moldaram - As promessas que fazemos quando crianças são muito compreensíveis — E MUITO, MUITO PREJUDICIAIS. ELAS FECHAM O NOSSO CORAÇÃO. Em essência, são acordos enraizados com as mensagens de nossas feridas, então nós mesmas nos damos uma sentença: “Ótimo! Se as coisas são assim, então é assim que será. Vou viver minha vida da seguinte maneira..." (7° parágrafo, pagina 42).

“A morte e a vida estão no poder da língua;” Provérbios 18:21 (Quais os tipos de promessas que você têm feito a você mesma?)

PAIS

Com o pai aprendemos que estamos encantadoras, que somos especiais... ou o contrário. O modo como um pai se relaciona com a filha tem um grande efeito na alma delaPARA O BEM OU PARA O MAL.

6° parágrafo, página 38: “(...) Muitos estudos mostraram que as mulheres que relatam ter um relacionamento próximo e carinhoso com o pai, que receberam segurança, alegria e aprovação dele durante a infância, sofrem menos de distúrbios alimentares ou depressão e "desenvolveram um forte senso de identidade pessoal e auto-estima positiva" (Margo Maine, Father hunger [Fome de pais]).

CORAÇÕES FERIDOS

PAIS ABUSIVOS

"Os pais abusivos são um horror extremamente comum. Cúmplices, as mães destruídas são uma realidade dolorosa. Ambos muitas vezes vêm de lares abusivos onde O CICLO DE DOR SE REPETE brutalmente e é passado para a próxima geração".

"O horror que os pais abusivos infligem às suas filhas FERE A ESSÊNCIA DA ALMA DELAS. Parte o coração delas, leva à vergonha, à dualidade de sentimentos e a uma série de estratégias defensivas que confinam nosso coração feminino".

Exemplo 01 – 1°parágrafo, página 39: “Minha amiga Sandy foi criada em uma casa com um pai abusivo e uma mãe fraca. Se seu pai batia na mãe, a mãe achava que devia ter feito algo para merecê-lo. Quando os golpes se transformavam em surras, Sandy se colocava entre o pai e a mãe. Tentava deter a crueldade do pai e proteger a mãe, levando ela mesma os golpes. E quando o pai começou a abusar sexualmente de Sandy e de sua irmã, a mãe não fez nada para protegê-las; ela simplesmente se afastou. O pai de Sandy começou a levar amigos bêbados para casa para que eles também pudessem abusar sexualmente de suas filhas. Por várias vezes, a mãe não fez nada. Em sua opinião, o que Sandy aprendeu sobre a masculinidade, sobre a feminilidade, sobre si mesma?”

AS MENSAGENS DE NOSSAS FERIDAS E COMO ELAS NOS MOLDARAM - O pai de Sandy abusou dela, e sua mãe se afastou. Isso imprimiu um grande mal em sua alma. Em tudo o que aprendeu, Sandy descobriu duas coisas básicas sobre a feminilidade: SER MULHER É SER IMPOTENTE; NÃO HÁ NADA BOM NA VULNERABILIDADE; É APENAS "FRAQUEZA". E SER FEMININA É ATRAIR PARA SI UMA INTIMIDADE INDESEJADA. O fato de ela não querer ser feminina surpreende você? Como tantas outras mulheres que sofreram abuso sexual, Sandy se vê em um terrível apuro por desejar intimidade (ela foi criada para isso), mas tendo medo de parecer pouco atraente para um homem. Ela se contenta com a "MULHER PROFISSIONAL COMPETENTE E EFICIENTE", AMÁVEL, PORÉM CAUTELOSA, NUNCA ATRAENTE DEMAIS E NUNCA, JAMAIS, EM NECESSIDADE, NUNCA "FRACA".

Algumas mulheres que sofreram abuso sexual escolhem outro caminho. Ou, talvez mais honestamente, se vêem compulsivamente seguindo em outra direção. Elas nunca receberam amor, mas experimentaram algum tipo de intimidade por meio do abuso sexual e, agora, se entregam a um homem atrás do outro, esperando, de algum modo, tornam aceitáveis os encontros sexuais ilegítimos com sexo que tenha um pouco de amor.  (4° e 5° parágrafo, pagina 42);

* Vulnerável é alguém que está sujeita a ser ferida, ofendida ou tocada. Vulnerável significa uma pessoa frágil. O termo é geralmente atribuído a mulheres, crianças e idosos, que possuem maior fragilidade perante outros grupos da sociedade. (fonte: https://www.significados.com.br/vulneravel/)

Exemplo 02 – 4° parágrafo, página 39: “Rachel tinha um pai que a agredia verbalmente. Suponho que ouvi tudo o que uma menina pode ouvir. 'Você é tão estúpida. Não vale nada. Eu gostaria que nunca tivéssemos tido você. Você me deixa doente'. Cresci acreditando ser repugnante para meu pai, e fiz tudo o que era possível para tentar fazê-lo gostar de mim."

“NÃO SE PODE ESTAR VIVA POR MUITO TEMPO SEM SER FERIDA. O sol se levanta, as estrelas seguem seu curso, as ondas quebram nas rochas e nós somos feridas. Não se pode evitar por muito tempo corações partidos neste mundo maravilhoso, mas perigoso, em que vivemos”.

PAIS AUSENTES

A dor que os pais ausentes infligem em suas filhas também é prejudicial, porém muito mais difícil de ver.

Exemplo 01 – Final do 1° e 2° parágrafo, página 40: “O pai de Lori estava presente fisicamente, mas ausente em todos os outros sentidos. Uma menina deseja ser encantada pelo pai, mas o pai de Lori não queria fazer nada com ela. Quando a escola de Lori realizava um jantar para pais e filhas, ela ficava desesperada para ir. Convidava o pai para ir; implorava que fosse, mas ele nunca aceitava. Lori presumiu que ele não queria participar porque tinha vergonha de ser visto com ela. Como muitas meninas, Lori fazia aulas de bale. Ela se sentia tão linda em seu collant e meia-calça cor-de-rosa que pedia ao pai que fizesse o favor de ir vê-la dançar. Ele respondia dizendo que quando ela estivesse em um palco de verdade, então ele iria vê-la. Como você talvez saiba, as aulas de dança se encerram com recitais e, assim, chegou o dia em que a pequena Lori dançaria em um palco de verdade. Linda em seu vestido cintilante, ela esperava com ansiedade ver o pai chegar. Ele nunca chegou. Mais tarde, naquela noite, os amigos de seu pai tiveram de carregá-lo até sua casa, uma vez que ele estava bêbado demais para andar sozinho. O coraçãozinho de menina de Lori acreditou que o pai fez todo o possível para não ter de vê-la dançar.”

Sugestões de filme: “O quarto de guerra” (No início do filme vemos que pai de Daniele era ausente) e “Lição de vida” (Aqui temos o Eli, uma criança cujo contexto era de pais abusivos e ausentes);

AS MENSAGENS DE NOSSAS FERIDAS E COMO ELAS NOS MOLDARAM - O pai de Lori não foi ao seu recital. Ele fez todo o possível para não ir. Essa foi a ferida. A mensagem foi de que ela não merecia o tempo do pai. Ela não merecia seu amor. Ela sentia que havia algo terrivelmente errado com ela.

Exemplo 02 – 3 parágrafo, página 40: “O pai de Debbie teve um caso quando ela era pequena. Ele não era um homem violento. Não havia nada abusivo nele. Na verdade, ele era bom para sua mãe, assim como era para Debbie e sua irmã. Eles compartilhavam as ceias de domingo, iam à igreja juntos. Mas ele havia escolhido outra mulher. "Acho que ela não foi suficiente para mantê-lo", Debbie disse acerca de sua mãe. Então, ela parou e disse: "Acho que nós não fomos suficientes para mantê-lo." CASOS AMOROSOS E DIVÓRCIOS AFETAM O PIOR MEDO DE UMA MULHER — O ABANDONO. Eles ferem, não somente as mães, mas também as filhas. A ferida, às vezes, é difícil de ser identificada porque a transgressão parece ser contra a esposa. Mas o que a menina aprende?”

AS MENSAGENS DE NOSSAS FERIDAS E COMO ELAS NOS MOLDARAM - O pai de Debbie teve um caso. O que ficou confuso foi que, em muitos sentidos, ele era um bom homem. A mensagem que se arraigou em seu coração de adolescente foi: É melhor que você faça mais do que ela, ou você não segurará seu homem. Depois disso, apareceu um jovem que ficou no pé de Debbie e, então, se foi sem nenhuma razão visível. Conhecemos essa bela jovem há alguns anos e há algo que nos deixou intrigados — por que ela está sempre se esforçando na vida? Por que ela está sempre tentando "melhorar"? Debbie está sempre procurando algo em que possa trabalhar. Oração, exercícios, responsabilidade financeira, uma nova cor de cabelo, mais disciplina. Por que ela está tentando com tanto afinco? Ela não sabe como é maravilhosa? O que faz de sua busca algo tão frustrante é que ela não sabe o que está errado com ela. Ela simplesmente tem medo de que, de algum modo, não seja suficiente. (segundo parágrafo, pagina 42)

Exemplo 04 – 5 ° parágrafo, página 40:  “O pai de Stasi (a autora) esteve ausente a maior parte de minha juventude. Ele foi um homem criado para ser forte e bom. Em sua época, a principal forma de um homem mostrar sua força era suprindo sua família. Mas, como muitos homens, meu pai trabalhava longas horas para suprir-nos financeiramente e, não obstante, nos privava do que mais precisávamos: dele. Meu pai era um vendedor ambulante. Ele ficava fora por duas semanas seguidas e depois ficava em casa no final de semana antes de partir novamente. Como era alcoólatra, ele muitas vezes parava no bar local ou na casa de um vizinho para encher a cara antes de chegar à nossa porta. Quando estava presente fisicamente, ele estava ausente emocionalmente, preferindo a companhia da televisão e de um copo de uísque à sua família. Ele não me conhecia. Acho que não queria me conhecer”.

AS MENSAGENS DE NOSSAS FERIDAS E COMO ELAS NOS MOLDARAM - Levei muitos anos para reconhecer as feridas e mensagens que moldaram minha vida. Foi uma jornada para eu crescer em termos de clareza, entendimento e cura. Comecei a perceber mais claramente qual foi a mensagem de minhas feridas. Minha mãe ficou arrasada com a possibilidade de ter outro filho — eu. A mensagem que ficou em meu coração foi que eu era uma opressão; que só minha presença era motivo de tristeza e dor. De um pai que não parecia querer me conhecer ou estar comigo, recebi esta mensagem: "Você não tem uma beleza que me cativa. Você é uma decepção." (página42) (...) “Minha função na família era ser invisível, não criar ondas. Se eu perturbasse as coisas, certamente este barco afundaria. Então, comecei a me esconder. Escondia minhas necessidades, meus desejos, meu coração. Escondia meu verdadeiro eu. E, quando as coisas eram demais, eu me escondia no armário.” (pagina 43)

“Avance 14 anos. Agora estou recém-casada, sou esposa de um homem forte e franco que não tem medo da confrontação, e até a aceita bem. Estávamos sentados à mesa da cozinha e, se a conversa ficava tensa, eu saía dali. Ele saía à minha procura: "Stasi, onde você está?". Onde eu estava? Eu estava escondida no armário. Literalmente. Eu tinha vergonha de meu comportamento imaturo, me sentia uma idiota com relação à minha aparente incapacidade de discutir uma opinião diferente de modo maduro. Mas nunca havia visto como se fazia isso, e não sabia como fazê-lo. A mais leve frustração de John por algo que eu havia feito disparava meu coração que ainda não estava curado. O amor e a confiança restabelecida de John levaram muitos, muitos meses para começar a penetrar meu coração assustado. Ainda me lembro da primeira vez em que estávamos no meio de uma "desavença" e pude ficar com ele na sala. (...)

No entanto, comecei a engordar do modo mais rápido que você imaginaria humanamente possível. INCONSCIENTEMENTE, EU HAVIA ENCONTRADO UMA NOVA MANEIRA DE ME ESCONDER. Desde o começo de meu casamento, eu tinha medo de que, no fundo de meu ser, eu fosse — e sempre seria — uma decepção para John; que era simplesmente uma questão de tempo para que ele percebesse isso. (A mensagem de minha ferida). A menina ferida dentro de mim achava que era melhor se esconder. E esconder-me, assim como você se esconde, fez com que as coisas ficassem muito, muito piores. John e eu tivemos muitos anos de dor. Como disse Jesus, a mulher que procura salvar a sua própria vida irá perdê-la (Mateus 16:25). As promessas e as coisas que fazemos como resultado de nossas feridas só pioram as coisas.”

LEIAM  no livro mais a respeito da autora, do que ela descreve sobre si mesmo, do contexto em que foi criada, o porque ela se escondia no armário, porque tentou suicídio, o tempo aqui é curto. E para quem não leu, leia (pagina 43). E, se possível, quem não leu o capítulo leia ele inteiro, ou melhor, leia o livro!

AS MENSAGENS DE NOSSAS FERIDAS E COMO ELAS NOS MOLDARAM

As histórias dessas mulheres e as feridas que receberam quando eram meninas são completamente diferentes, mas os efeitos de suas feridas e os efeitos das nossas são dolorosamente semelhantes. OS SENTIMENTOS DE INCERTEZA E FALTA DE VALOR QUE ESSAS HISTÓRIAS GERAM SÃO REAIS. Como foi sua infância? Que lições você aprendeu quando era menina? O que seus pais queriam de você? Você soube agradar? Você sabia, na essência de seu ser, que era amada, especial, digna de ser protegida e desejada?

UMA ALIANÇA PROFANA

Ao longo dos anos vemos que a única coisa mais trágica do que as coisas que nos aconteceram é o que fizemos com elas.
Palavras foram ditas, palavras dolorosas. Coisas foram feitas, coisas terríveis. E elas nos moldam. Algo dentro de nós mudou. Aceitamos as mensagens de nossas feridas. Aceitamos uma versão distorcida de nós mesmas. E, a partir disso, escolhemos uma maneira de nos relacionarmos com nosso mundo. Fizemos uma promessa de nunca mais estarmos naquele lugar novamente. Adotamos estratégias para nos proteger de sermos machucadas novamente. Uma mulher que vive com um coração ferido e despedaçado é uma mulher que vive uma vida de autoproteção.Talvez ela não tenha consciência disso, mas é verdade. E a nossa maneira de tentar "nos salvar".
Também desenvolvemos maneiras para tentar obter um pouco do amor pelo qual nosso coração gritava. A dor está ali. Nossa necessidade desesperada de amor e afirmação, nossa sede de provarmos o romance, a aventura e a beleza estão ali. Por isso nos voltamos para os meninos, para a comida ou para os livros de romance; nós nos perdemos em nosso trabalho, na igreja ou em algum tipo de serviço. Tudo isso contribui para a mulher que somos hoje. Muito do que chamamos de nossa "personalidade" é, na verdade, o mosaico de nossas escolhas por autoproteção somado ao nosso plano de receber um pouco do amor para o qual fomos criadas.
O problema é que nosso plano não tem nada a ver com Deus.
As feridas que recebemos e as mensagens que elas trouxeram formaram um tipo de aliança profana com nossa natureza caída como mulheres. De Eva recebemos uma profunda desconfiança no coração de Deus para conosco. É claro que ele está escondendo algo de nós. Simplesmente teremos de dar um jeito para termos a vida que queremos. Controlaremos nosso mundo. Mas há também uma dor lá no íntimo, uma dor que pede intimidade e vida. Teremos de encontrar uma maneira para preenchê-la. Uma maneira que não exija que confiemos em alguém, principalmente em Deus. Uma maneira que não exija vulnerabilidade.
De certo modo, esta é a história de toda menina, aqui neste mundo, ao leste do Éden.
Mas as feridas não param quando somos adultas. Algumas das feridas mais mutiladoras e destrutivas que recebemos chegam em nossa vida muito mais tarde. As feridas que recebemos durante a nossa vida não vieram isoladas. Existe, na verdade, um tema para elas, um padrão.

1° parágrafo, página 40: “Olhe bem no fundo dos olhos de alguém e por trás do sorriso ou do medo, e você encontrará dor. E a maioria das pessoas sente mais dor do que imagina. A tristeza não é algo estranho para qualquer uma de nós, embora somente algumas tenham descoberto que ela também não é nossa inimiga. Uma vez que somos as amadas de Deus, o Rei dos reis, o próprio Jesus, que veio para curar os de coração partido e libertar os cativos, podemos olhar para trás. Podemos segurar sua mão divina e lembrar. Devemos lembrar se não quisermos continuar prisioneiras das feridas e das mensagens que recebíamos enquanto crescíamos”.

09-09-16

Priscila Lima 

Os doze espias

"Números, cap. 13 Versos 25 a 33 - Ao fim de quarenta dias, eles voltaram de sondar a terra. Ao chegarem, apresentaram-se a Moisés e ...